Microbiota fúngica e micotoxinas em milho cultivado sob diferentes práticas de manejo

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

29/02/2008

RESUMO

O milho (Zea mays L.) é um dos cereais mais tradicionais cultivados no mundo todo e de grande importância econômica e social, fazendo parte da alimentação básica, sendo incluído em mais de 500 produtos e derivados. A contaminação do milho por fungos e micotoxinas reduz a qualidade do produto e representa riscos à saúde humana e animal. O sistema de plantio, sucessão de culturas e o constante monitoramento da cadeia produtiva do milho constituem estratégias para o controle fitossanitário da cultura. Este trabalho teve como objetivo avaliar a co-ocorrência natural de fumonisinas e aflatoxinas em 300 amostras de milho recém-colhido (safras 2003 e 2004) da Região Norte do Paraná, assim como avaliar a contaminação fúngica e os níveis de fumonisinas em milho cultivado sob diferentes sistemas de plantio e sucessão de culturas (aveia e pousio), no período de inverno de duas safras consecutivas, em diferentes dosagens de nitrogênio (N) (0; 22,5; 45,0; 90,0 Kg.ha-1) e em combinação com óxido de potássio (K2O) (90,0 N + 13,2 K2O Kg.ha-1). Com o intuito de avaliar a co-ocorrência natural por fumonisinas e aflatoxinas a amostragem foi realizada em três pontos da cadeia produtiva de empresas processadoras de milho, i.e., no campo (n=20), na recepção (n=70) e na pré-secagem (n=60) para cada safra. A contagem de Fusarium spp., o qual apresentou a maior contaminação em relação aos demais gêneros fúngicos, situo-se na faixa de 102 a 105 UFC.g-1 em todos os pontos da cadeia produtiva da safra de 2003, assim como para as amostras da recepção na safra de 2004, enquanto que nas amostras de campo da safra de 2004 situou-se na faixa de 103 a 104 UFC.g-1. Na safra de 2003, as fumonisinas foram detectadas em 100% das amostras, enquanto as aflatoxinas em 12%. Os níveis de fumonisinas variaram de 0,11 a 15,32 mg.g-1 (média 2,84 mg.g-1) em amostras de campo, de 0,08 a 8,96 mg.g-1 (média 2,46 mg.g-1) e de 0,11 a 18,78 mg.g-1 (média 2,96 mg.g-1) em amostras da recepção e pré-secagem, respectivamente. As aflatoxinas foram detectadas em níveis variando de 5 a 54 ng.g-1 (média 21,14 ng.g-1) em amostras da recepção (n=7), de 10 a 56 ng.g-1 (média 23,4 ng.g-1) nas de pré-secagem (n=10) e em apenas uma amostra do campo (45 ng.g-1). Por outro lado, na safra de 2004, as fumonisinas foram detectadas em 97% e as aflatoxinas em 4% das amostras. Os níveis de fumonisinas variaram de 0,37 a 1,89 mg.g-1 (média 0,94 mg.g-1) em amostras de campo, de 0,07 a 18,16 mg.g-1 (média 1,41 mg.g-1) e de 0,06 a 6,28 mg.g-1 (média 1,36 mg.g-1) em amostras da recepção e pré-secagem, respectivamente. As aflatoxinas foram detectadas em 5 amostras da pré-secagem com níveis variando de 12 a 52 ng.g-1 (média 35,2 ng.g-1) e em apenas uma amostra da recepção (40 ng.g-1). Em relação ao milho cultivado sob diferentes sistemas de plantio, a contagem de Fusarium spp. apresentou variação de 1,0 ´ 102 a 1,5 ´ 104 UFC.g-1, no milho cultivado sob sistema de plantio direto em sucessão a pousio (safra 2006), enquanto que nos demais sistemas de plantio a contagem desse gênero situou-se na faixa de 102 a 105 UFC.g-1. Por outro lado, na safra de 2007 Fusarium spp. foi detectado em 100% das amostras com a contagem variando de 104 a 105 UFC.g-1. Em ambas as safras a contaminação por fumonisinas foi maior no sistema de plantio direto em sucessão a aveia em com médias de 6,97 mg.g-1 (safra 2006) e 6,29 mg.g-1 (safra 2007). As amostras de milho (safra 2006) tratadas com 22,5 kg.ha-1 de nitrogênio em cobertura apresentaram maior contaminação por fumonisinas (6,59 mg.g-1), diferindo significativamente pelo teste de Duncan (p<0,05) daquelas tratadas com 45,0 e 90,0 kg.ha-1 de nitrogênio. No entanto, no plantio convencional em sucessão a pousio, as amostras tratadas com 90,0 kg.ha-1 de nitrogênio suplementada com K2O apresentou maior contaminação por fumonisinas. Os resultados obtidos nesse trabalho ratificam a importância do emprego do sistema de manejo adequado e do constante monitoramento da cadeia produtiva do milho para garantir a qualidade e a segurança dos produtos e minimizar os riscos à saúde humana e animal.

ASSUNTO(S)

milho - fungos toxigênicos solos - manejo milho - cultivo corn - toxigenic fungi soil management

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