Medicamentos, comunicação e cultura
AUTOR(ES)
Nascimento, Marilene Cabral do
FONTE
Ciência & Saúde Coletiva
DATA DE PUBLICAÇÃO
2005-12
RESUMO
Medicamentos de base química assinalaram uma revolução nas atividades de saúde pública e no exercício da medicina, alcançando lugar hegemônico na terapêutica contemporânea. A análise de 237 reportagens veiculadas nas décadas de 1980 e 1990, em jornais e revistas de larga circulação, sobre alguns dos medicamentos mais consumidos no país, demonstrou que, simbolicamente, estão ultrapassando as fronteiras de um recurso terapêutico. São consumidos cada vez mais com o objetivo de moldar o corpo ou o comportamento a padrões estéticos e de conduta rigidamente estabelecidos na cultura. O discurso que favorece o consumo se caracterizou pela associação de informações científicas a símbolos de poder, beleza, juventude e força, sustentados em e ao mesmo tempo reforçando valores dominantes na cultura atual, tais como o individualismo, a competição acirrada e o consumismo. A abordagem de riscos prevaleceu em 55% das reportagens analisadas, em discurso acentuando a autonomia e a responsabilização do indivíduo no consumo de medicamentos e seus riscos. O conjunto das reportagens apontou uma tendência ao descolamento entre consumo e cultura médica, apoiado na automedicação, e ao deslocamento do medicamento do campo de cura e saúde para o de controle e risco, sinalizando sua re-significação na terapêutica e na cultura.
ASSUNTO(S)
medicamentos terapêutica riscos comunicação cultura
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