Mecanismo de resistencia ao virus do mosaico da soja da variedade IAC-2

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1991

RESUMO

O objetivo do presente trabalho foi contribuir ao conhecimento do mecanismo de resistência que a soja IAC-2 apresenta ao vírus do mosaico da soja (VMS). Este tipo de resistência, caracteriza embora não impeça a infecção pelo vírus, se pela gradual remissão dos sintomas, por apresentar índices muitos baixos de transmissão do vírus pela semente e também pelos baixos índices de manchamento da semente (mancha-café) causado pelo vírus. A resistência da soja IAC-2 difere da normalmente utilizada no melhoramento desta espécie, associada que conferem hipersensibilidade ao VMS, a genes a estudada variedade. A soja IAC-2 foi comparativamente utilizando como referencial Santa Rosa, que apresenta características típicas de suscetibilidade ao VMS. A influência da temperatura sobre a resistência especialmente considerada, comparando-se tratamentos de foi alta (30-34°C) e baixa (20-24°C) temperatura. Foram analisados seguintes parâmetros: a. evolução dos sintomas foliares os em diferentes temperaturas; b. concentração de vírus avaliada através de MEIAD (microscopia eletrônica de imuno-adsorção); c. citopatologia ao nível de microscopia eletrônica; d. localização intracelular de proteínas virais através de imuno--citoquimica ("immunogold"); e. localização da catalase .2. peroxisomal por citoquímica enzimáticaj f. atividade da catalase (EC 1.11.1.6) determinada por espectrofotometria e g. atividade da peroxidase (EC 1.11.1.7) determinada pelo teste do guayacol. Na variedade resistente IAC-2 foi verificado que em alta temperatura as áreas verde-escuras do mosaico foliar aumentaram sintomas. sua superfície, acelerando a regressão dos Isto não aconteceu na variedade suscetível Santa Rosa. A concentração de vírus foi menor nas plantas mantida em alta temperatura, mas esta diferença só ocorreu na variedade resistente IAC-2. A concentração viral nas áreas verde-escuras foi menor do que nas verde-claras. A associação entre peroxisomas e inclusões citoplasmáticas virais parece ser mais freqüente na variedade resistente IAC-2, especialmente na junção entre as áreas verde-claras e escuras do mosaico. A atividade da catalase aumentou significativamente por efeito da infecção na variedade resistente. Na soja suscetível Santa Rosa a infecção só causou aumento desta atividade enzimática em alta temperatura, e em menor na variedade IAC-2 em baixa temperatura, as áreas verde-claras apresentaram menor atividade catalásica que as escuras. Em alta temperatura a catalase não difere nas áreas do mosaico e foi verificada correlação inversa significativa entre atividade catalásica e concentração de vírus. Em baixa temperatura não houve correlação. Na soja resistente a atividade da peroxidase aumentou por efeito da infecção tanto em alta com em baixa temperatura e sua distribuição seguiu um padrão inverso ao da catalase: foi mais ativa nas áreas verde-claras, que contêm mais vírus. Não foi detectada correlação entre a atividade desta enzima e a concentração viral. Para a interpretação dos resultados é proposto um esquema geral que é consistente com os resultados obtidos. O peróxido de hidrogênio (uma das espécies ativas de oxigênio, EAO) é produzido dentro do peroxisoma como um subproduto da fotorrespiração. O aumento no nível de catalase, verificado experimentalmente, seria causado pela infecção viral como parte de um mecanismo defensivo que usaria as EAOs para obstruir a replicação do vírus. A alta a produção de peróxido de hidrogênio, e incrementando provavelmente temperatura causa aumento da fotorrespiração, outras EAOs, no peroxisoma. A maior disponibilidade de EAOs resultaria numa mais eficiente oxidação das inclusões virais, que vírus. Isto presume-se resultaria são estruturas replicativas numa queda mais rápida do da concentração sintomas, viral e na aceleração da remissão dos sintomas. Os danos por oxidação nas inclusões poderiam ocorrer através de uma reação peroxidásica do complexo H2O2-catalase (complexo I). Outra possibilidade seria que o complexo I liberasse outras EAOs, como o radical hidroxila, de maior reatividade. Desta hipótese surge a possibilidade de que o excesso de catalase nos peroxisomas tenha como função a de ser um reservatório de EAOs, que poderiam assim ser utilizadas em diversos processos, entre eles a defesa contra a infecção viral. A acão de EAOs sobre as inclusões, com funções na replicação viral, seria a causa da queda de concentração vírus verificada na variedade resistente. O menor nível de vírus resultaria na remissão dos sintomas foliares. Presumivelmente, a menor concentração de vírus dificultaria a invasão dos primpórdios florais, o que explicaria a menor freqüência de sementes com mancha-café e menor transmissão pela semente

ASSUNTO(S)

ecologia vegetal soja

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