Manejo, conservação e mudanças comunitárias associadas ao uso de andiroba (Carapa spp.) na Reserva Extrativista do Rio Jutaí - Amazonas

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

13/04/2012

RESUMO

Na Reserva Extrativista (RESEX) do Rio Jutaí, Amazonas Brasil (67 03 07.78 W e 03 04 50,79 S) os moradores manifestam expectativas e mudanças no manejo de andiroba (Carapa spp.). Esse fato chama a atenção, pois a RESEX não é distinguida por alta abundância da árvore ou por elevada comercialização de seus produtos, pelo que foram formuladas perguntas sobre as razões das mudanças, como estão acontecendo e as implicações na conservação e evolução. Aspectos socioeconômicos e de manejo associados à andiroba foram estudados em 31 unidades familiares de 10 comunidades da RESEX, utilizando entrevistas semiestruturadas, observação participante e avaliação de tempos e esforço de trabalho dedicado. A população local atribuiu um alto significado para a espécie, determinado principalmente pelo valor de uso, destacando-se as aplicações em medicina e pesca de matrinchã (Brycon spp.) e outras quatro espécies de peixes. Essa última aplicação é descrita detalhadamente, pois não foi encontrada ampla referência a este respeito na literatura. O manejo da andiroba é realizado em áreas de floresta e é complementado pela maioria das famílias em plantios dentro do sistema produtivo, efetuando algum grau de comercialização, parte deste no interior da RESEX. Análises multivariadas discriminaram um grupo que investe maior tempo e número de pessoas na coleta, tendo maior produção, no entanto com menor rendimento. Não existe tendência à especialização, pelo contrário, as famílias são pluriativas e desenvolvem múltiplas adaptações. Baseados em características morfológicas das sementes foram identificadas quatro morfoespécies de andiroba, sendo provável que uma destas corresponda a uma espécie recente, Carapa vasquezii Kenfack, descrita para a Bacia Amazônica em 2011. As atividades extrativas não produzem efeitos negativos sobre a regeneração nem sobre o estabelecimento de Carapa spp., o que foi avaliado em transectos que compararam diferentes classes de tamanho (plântulas, jovens I e II) em uma população da espécie com e sem manejo, o que somado ao manejo em plantios ou sistemas agroflorestais está favorecendo processo evolutivo da espécie e a paisagem. O fenômeno estudado se encaixa na proposta conceitual do neoextrativismo, na medida em que as práticas estão em transformação e incluem cultivo e beneficiamento. O manejo efetivado sob parâmetros culturais e conhecimento ecológico local está contribuindo na conservação in situ das espécies de andiroba e no logro dos objetivos da unidade de conservação.

ASSUNTO(S)

etnoconhecimento pluriatividade evolução extrativismo pesca regeneração carapa vasquezii recursos florestais e engenharia florestal

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