Lítio e parâmetros orbitais em sistemas binários com componentes evoluídas

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

31/05/2001

RESUMO

Uma propriedade bem estabelecida das estrelas evoluídas simples, é o decréscimo da rotação e da abundância de lítio com a temperatura efetiva ao longo de uma mesma seqüência evolucionária. Tal propriedade indica, assim, que rotação e conteúdo de lítio diminuem com a idade da estrela. Entretanto, pouco é conhecido sobre o comportamento da rotação e da abundâncias do lítio em sistemas binários com componente evoluída, em particular, dos efeitos da interação gravitacional entre os componentes do sistema sobre a evolução da rotação e abundâncias superficiais do lítio. Será que tal interação gravitacional, que na realidade se traduz por marés gravitacionais, afeta os processos de diluição convectiva nas estrelas do sistema? É com o objetivo de analisarmos estas questões que se insere o presente trabalho. Neste intuito, realizamos um amplo programa observacional com o telescópio GAT de 1.44 m do European Southern Observatory (La Silla, Chile), para, através do espectrômetro CES, obtermos espectros de alta resolução na região espectral centrada no comprimento de onda da linha I do lítio, A6707.81À, de uma amostra com cerca de 100 sistemas binários espectroscopia com componente evoluída, ao longo da região espectral F, G e K. Destes espectros, obtivemos as abundâncias do lítio que, combinadas com velocidade de rotação e parâmetros orbitais, nos ofereceram condições para o estudo dos efeitos da binaridade sobre a rotação e conteúdo de lítio. Como resultados principais, nosso trabalho mostra que, efetivamente, as marés gravitacionais afetam o comportamento da rotação e do conteúdo do lítio superficial em sistemas binários com componente do tipo gigante. Sistemas com períodos orbitais menores do que cerca de 100 dias e orbitas circulares ou aproximadamente circulares, apresentam rotações moderadas ou elevadas, em relação às estrelas gigantes simples de mesmo tipo espectral e os sistemas binários de mesma natureza com períodos maiores do que 100 dias. Tal fato resulta da sincronização entre os movimentos de rotação e orbital do sistema. Encontramos também que as abundâncias do lítio, nos sistemas binários com componente evoluída, apresentam o mesmo decréscimo gradual, em função da temperatura efetiva, exibido pelas estrelas simples. Não foram descobertos componentes dos sistemas binários ricas em lítio, diferentemente das estrelas simples. Um resultado marcante do presente trabalho é aquele que mostra que, nos sistemas binários sincronizados, os efeitos de diluição convectiva são menos efetivos do que nos sistemas binários não sincronizados. Para sistemas com períodos orbitais menores do que cerca de 100 dias observa-se uma espécie de "zona de inibição": lais sistemas não exibem abundâncias de lítio menores do que um certo valor crítico, em torno de logA(Li) = 0,0. Diferentemente, os sistemas não sincronizados, aqueles com períodos orbitais maiores do que 100 dias, apresentam uma clara dispersão nos valores das abundâncias, entre logA(Li)= -2.0 e logA(Li)= 1.5. Também mostraremos que, seguindo a mesma tendência das estrelas gigantes simples, existe uma relação entre rotação e conteúdo de lítio, no sentido de que os sistemas binários com rotações mais elevadas são também aqueles que apresentam maiores abundâncias de lítio

ASSUNTO(S)

sistemas binários lítio parâmetos orbitais estrelas evoluídas fisica

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