Limites e possibilidades na prática da pedagogia freireana pela extensão rural: o caso do assentamento Fazenda Pirituba II, Itapeva, SP

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Atualmente, serviços de assistência técnica e extensão rural que atuam com a agroecologia buscam seguir a orientação teórica e política de incorporar, às suas práticas metodológicas ditas participativas princípios pedagógicos construtivistas, como os da pedagogia freireana. Contudo, discussões acadêmicas têm apontado para os riscos existentes de uso acrítico e mecânico das metodologias participativas, devido à não incorporação dos princípios pedagógicos que seriam responsáveis por uma nova intencionalidade nesses processos educativos, tornando-os libertadores, se pensados pela ótica de Paulo Freire. Esta pesquisa insere-se neste campo de discussão: abordou as práticas metodológicas desenvolvidas por extensionistas de uma organização não governamental atuante na Extensão Rural Agroecológica, o Instituto Giramundo Mutuando (SP), com o objetivo geral de analisar e discutir, sob perspectivas da pedagogia freireana, limites e possibilidades em sua postura pedagógica. Incluiu, também, dois objetivos específicos: identificar os elementos pedagógicos presentes nessas práticas metodológicas e caracterizar a postura pedagógica dos extensionistas que as desenvolvem. A pesquisa qualitativa foi realizada na forma de um estudo de caso, por meio de observação participante, análise documental e entrevista semi-estruturada. Os resultados foram dispostos em duas categorias de análise: apropriação de conhecimentos e participação social dos agricultores. As interpretações dos resultados analisados indicaram, como possibilidades, que os extensionistas demonstram, às vezes, algumas condições necessárias ao exercício do diálogo, na perspectiva do pensamento de Paulo Freire, como humildade, respeito aos saberes dos educandos e à sua identidade cultural. No entanto, limites identificados em suas posturas indicaram seu distanciamento, e em alguns momentos de forma bastante acentuada, da postura requerida pela pedagogia freireana. Tanto o diálogo entre técnicos e agricultores, como a participação social dos agricultores, que decorreria desse diálogo, mostraram-se muito frágeis no processo educativo. Entende-se, por isso, que a postura pedagógica desses extensionistas é, ainda, em muitos aspectos, condizente com o que Paulo Freire denominou de educação bancária, baseada na relação antidialógica pela qual é o educador quem faz as opções, no processo educativo, e quem as prescreve aos educandos. Constatou-se que a própria transição agroecológica, objeto de trabalho dos extensionistas rurais com os agricultores, acaba por ser uma prescrição a ser seguida, para parte dos agricultores envolvidos na pesquisa.

ASSUNTO(S)

ecologia agrícola extensão rural agronomia

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