LAND, POWER AND THE MULTIPLE territorialities IN BLACK AND INDIGENOUS LANDS: narrative and memory as a mediator in the construction of the territory of traditional peoples. / TERRITÓRIO, PODER E AS MÚLTIPLAS TERRITORIALIDADES NAS TERRAS INDIGENAS E DE PRETOS: narrativa e memória como mediação na construção do território dos povos tradicionais.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Esta Tese apresenta uma discussão sobre a emergência das territorialidades negras e indígenas como responsáveis por uma nova modalidade de estrutura fundiária que vem construindo novas oportunidades de acesso a terra através do discurso da identidade. Negros e indígenas baseados no artigo 68 ADCT (Ato das Disposições Constitucional Transitória) vem se organizando através das narrativas étnicas e da memória coletiva na construção de um espaço de luta onde procuram a reconstruir antigos territórios ou recriarem novas condições de sobrevivência através do uso da terra. O sentido histórico de se escrever uma geografia dos vencidos é o sentimento maior que perpassa esta pesquisa. Diversos foram os mecanismos utilizados para que índios e negros tivessem suas falas silenciadas. Pelas tramas urdidas na violência do processo colonizador índios e negros foram silenciados e hoje através da perspectiva da narrativa pautada na oralidade eles têm a oportunidade de contar as suas geografias, suas histórias, as suas subjetividades que foram destruídas no arbítrio da hegemonia do colonizador. Ao problematizar os diferentes territórios que constituem hoje o território brasileiro, mas precisamente na cidade de Palmeira dos Índios se faz necessário à reflexão sobre a geografia material objetivada no espaço terrestre, bem como o discurso geográfico acerca de tais realidades, utilizando-se para tanto dos pressupostos que a História nos oferece, enquanto ciência que se ocupa da rememoração, da retomada salvadora pela palavra de um passado que sem isso, desapareceria no silêncio e no esquecimento como também da Geografia Histórica entendendo que os discursos geográficos variam por lugar, variam por sociedade, mas principalmente pela época em que foram gerados. Esta pesquisa se inscreve neste âmbito, ela parte do pressuposto que os negros e índios têm muito a contar sobre a geo-história da formação do território brasileiro, uma história e uma geografia que não está escrita nos livros, nem registrada nos meios de comunicação de massa (rádio, televisão e cinema), e, portanto desconhecida por grande parte da população. Essa nova Geografia baseada na memória testemunho onde tanto os sonhos não realizados e as promessas não cumpridas, como também as insatisfações do presente apontam como possibilidade metodológica, essa re-escritura que se dá em camadas como um palimpsesto aberto a infinitas releituras e reinscrito. Nesse sentido a busca por outra geografia do território desafia a escrever as diferentes geografias colhidas nos relatos dos povos negros e indígenas que tiveram seus territórios sobrepostos no avanço das forças produtivas na organização do território brasileiro. Sobre essas geografias absurdas e negadas pela historiografia oficial emerge a importância da narrativa onde o cuidado com o lembrar, seja para reconstruir um passado que nos escapa, seja para resguardar alguma coisa da morte dentro da nossa frágil existência humana aponta as possibilidades de ler as histórias que a humanidade conta de si mesma como expressão das diversas classes, e dos diferentes tempos que se objetivam na realidade.

ASSUNTO(S)

povos tradicionais território narrativa geografia territory traditional people narrative

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