Jürgen Habermas, Paulo Freire e a crítica à cidadania como horizonte educacional : uma proposta de revivificação da educação popular ancorada no conceito de sujeito social

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Esta tese se caracteriza como um trabalho bibliográfico, que aborda a obra de Paulo Freire e Jürgen Habermas, dimensionando e pondo em evidência o vigor diferenciado que oferecem para as reflexões em torno da Educação Popular. Trata de analisar o pensamento de ambos, com ênfase em seus ideais de sociedade, ressaltando-os em termos de reforma ou transformação social. Evidenciadas, suas utopias sociais são cotejadas com os pressupostos ontológicos da libertação, quando, então, investigando e problematizando o conceito de cidadão, busca-se demonstrar a sua insuficiência como paradigma da ação educativa libertadora. Pretende-se, ainda, definir e propor o conceito de sujeito social como o horizonte vigoroso de formação da Educação Popular. A tese se configura a partir da crítica ao cidadão e sua assunção como ideal formativo, afirmando que é o sujeito social, conceito oriundo do pensamento de Paulo Freire, e não o cidadão, propósito da teoria da sociedade de Jürgen Habermas, que constitui o horizonte de formação da Educação Popular, por coerência com seus princípios fundantes. Investigar o horizonte de formação a partir do contraponto teórico e prático das propostas de Freire e Habermas deve-se à forte influência exercida por ambos em vários campos da atividade humana, como a educação, a política e a sociologia. Na educação, a presença de Freire é marcadamente reconhecida não apenas no Brasil, onde a Educação Popular se apóia, explicitamente, em seus ensinamentos, como no mundo todo. Habermas, por sua vez, tem sido considerado um pensador cuja influência transcende os meios sociológico e filosófico, alcançando o pensamento educacional brasileiro com considerável vigor. Uma das premissas que orientaram esta pesquisa consiste na suspeita de que a teoria social habermasiana, dadas as suas características básicas, conduz à reforma (mudança cultural) e não à transformação (mudança radical nos âmbitos cultural, econômico e político) estrutural da sociedade. O que representaria uma diferença fundamental entre Freire e Habermas, a ser considerada por uma educação libertadora. Enquanto Habermas estipula uma “comunidade de fala ideal”, compartilhada por sujeitos, lingüisticamente, competentes, deliberando, livres de coação, sobre convenções polemizadas no devir histórico, Freire lida com uma realidade muito distante em termos de justiça social daquilo que o alemão idealiza: analfabetos e semianalfabetos em situação de opressão e miserabilidade social, vitimados pela herança de uma cultura colonialista e predatória, em processo desde o século XV. Um fosso enorme separa e distingue o interesse imediato dos indivíduos, determinado pela urgência e pelo grau das necessidades em cada contexto. Tais urgências são identificadas, concretamente, pelas desiguais competências dos sujeitos e das realidades concretas que os condicionam. Embora compartilhem um ideal semelhante, Freire e Habermas estão envolvidos com situações que, transcendendo a variações espaço-temporais, exigem respostas, pontualmente, diferentes.

ASSUNTO(S)

freire, paulo, 1921-1997 popular education educação popular habermas, jürgen, 1929- citizen cidadania social subject sujeito social paulo freire jürgen habermas

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