Interferências de ácidos graxos ômega-3 e vitamina E na carcinogênese experimental do cólon / Interference of omega-3 fatty acids and vitamin E with experimental colon carcinogenesis

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

O câncer colorretal ocupa um lugar de destaque mundial devido à sua alta incidência, sendo um dos tipos de câncer mais afetado pela dieta. Estudos experimentais sustentam a hipótese de que ácidos graxos [ômega]-6 contribuem para o desenvolvimento do câncer colorretal, enquanto os ácidos graxos da série [ômega]-3 possuem ação protetora. Entretanto, ácidos graxos polinsaturados (AGPI) [ômega]-3 são particularmente suscetíveis ao ataque de radicais livres o que pode exacerbar o estresse oxidativo. Antioxidantes como a vitamina E têm sido utilizados para impedir a peroxidação lipídica. Este estudo teve como objetivo avaliar o efeito do óleo de peixe, rico em AGPI [ômega]-3 (ácido eicosapentaenóico e ácido docosahexaenóico), e da vitamina E na carcinogênese colorretal. Foram utilizados ratos Wistar adultos tratados com 1,2-dimetilhidrazina, na dose de 40 mg/Kg de peso corporal. Os animais foram divididos em quatro grupos: óleo de peixe e vitamina E (OPE), óleo de peixe (OP), óleo de soja e vitamina E (OSE) e óleo de soja (OS). Cada dieta continha 18% de óleo e a vitamina E foi oferecida na dose de 400 mg/Kg de dieta. As dietas e água foram consumidas ad libitum pelos animais durante 36 semanas, incluindo o período de indução da carcinogênese. O peso corporal e o consumo alimentar foram monitorados semanalmente. Foram analisados os focos de criptas aberrantes (FCA), tumores formados no intestino grosso e o perfil de ácidos graxos do cólon, tecido hepático e fezes. Aminas bioativas foram investigadas no tecido hepático dos grupos OPE e OSE. Foram ainda determinadas as concentrações de α-tocoferol no plasma, fígado e fezes e parâmetros bioquímicos (colesterol total e frações, triacilgliceróis, proteína C reativa e fosfatase alcalina) no soro. O peso e consumo alimentar dos quatro grupos não apresentaram diferenças significativas ao longo do experimento. Houve redução no número total de FCA, sendo de 53.3% para OP e de 49.2% para OPE comparados ao grupo OS. Em relação ao OSE, a redução foi de 51.2% para OP e 47.1% para OPE. A incidência (%) e multiplicidade de tumores totais (média desvio-padrão) foram menores nos grupos OP (30% e 0.40 0.69) e OPE (30% e 0.40 0.69) em relação ao grupo OSE (100% e 1.50 0.97). Houve uma tendência na redução da incidência e da multiplicidade de tumores nos grupos OPE e OP quando comparados ao grupo OS (60% e 1.20 1.30). O tamanho dos tumores foi similar entre os grupos experimentais. A adição da vitamina E não alterou os FCA, incidência e multiplicidade dos tumores formados entre os grupos que receberam o mesmo tipo de óleo. O perfil de ácidos graxos do cólon e tecido hepático demonstraram maior incorporação dos AGPI ω-3 nos grupos OPE e OP, enquanto nos grupos OSE e OS ocorreu aumento na concentração dos AGPI [ômega]-6. A excreção dos AGPI [ômega]-6 e [ômega]-3 foi semelhante entre os grupos. As aminas bioativas espermidina, espermina e triptamina, detectadas no tecido hepático, foram semelhantes entre os grupos OPE e OSE. A concentração de [alfa]-tocoferol no plasma foi semelhante entre os grupos, enquanto no fígado verificou-se maior concentração nos grupos OPE e OSE. A maior excreção fecal do [alfa]-tocoferol ocorreu no grupo OSE. Os parâmetros colesterol total e triacilgliceróis foram menores nos grupos OPE e OP. Já proteína C reativa e fosfatase alcalina foram semelhantes entre os grupos experimentais. Esses resultados sugerem que o óleo de peixe pode atuar de forma protetora na carcinogênese colorretal entretanto, a vitamina E, na quantidade oferecida, não demonstrou efeito. O óleo de peixe também reduziu a concentração sérica de colesterol total e triacilgliceróis.

ASSUNTO(S)

câncer colorretal vitamin e fish oil colorectal cancer Óleo de peixe vitamina e nutricao

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