Interações tritroficas no sistema Aristolochia arcuata (Aristolochiaceae), Battus polydamas (Lepidoptera:Papilonidae:Troidini), e alguns de seus inimigos naturais

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1997

RESUMO

No período de setembro de 1995 a agosto de 1996, foram acompanhadas as populações naturais de Aristolochia arcuata (Aristolochiaceae), seu fitófago especialista Battus polydamas (Lepidoptera: Papilionidae: Troidini) e seus inimigos naturais na Reserva Municipal Mata de Santa Genebra, município de Campinas, SP. Ovos e larvas dos fitófagos foram encontrados durante o ano todo, com uma diminuição nos meses mais secos. O desaparecimento na planta hospedeira (75,72%), seguido de predação (11,23%) foram os principais fatores naturais de mortalidade constatados em experimentos de exposição de imaturos. As crisálidas (58,82 %), larvas de 4° estádio (56,04 %), e ovos (46,44 %) foram os mais atingidos. A vespa Areoscelis rufa (Hymenoptera: Ichneumonidae) é um parasitóide especialista de B. polydamas e a porcentagem de larvas parasitadas foi maior no período de fevereiro a junho de 1996. A razão sexual das vespas obtidas foi de 0,32, com predomínio de fêmeas. O peso de crisálidas provenientes de larvas parasitadas de B. polydamas foi significativamente menor do que em larvas não-parasitadas (p <0,01). Bioensaios em olfatômetro mostraram que as fêmeas de A. rufa foram atraídas significativamente para folhas de A. arcuata e larvas de 4° estádio de B. polydamas (p <0,01), comparado com folhas controle de Psidium sp (Myrtaceae) e larvas controle de Anticarsia gemmatalis e Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae). Elas também foram significativamente atraídas para extratos diclorometânico (p <0,01) e etanólico (p <0,05) de folhas de A. arcuata, mas não foram atraídas para os extratos de B. polydamas. Estes dados sugerem que A. rufa é atraída por substâncias presentes nas plantas hospedeiras. Entretanto, a ausência de atividade nos extratos de B. polydamas pode refletir uma menor concentração dessas substâncias nos mesmos. A análise dos voláteis presentes no sistema A. arcuatalB. polydamas revelou principalmente a presença de mono e sesquiterpenos não-oxigenados. A formiga Camponotus crassus, encontrada na região de Campinas, SP, foi escolhida para testar o papel da defesa química de imaturos de B. polydamas. Foram montados 10 ninhos artificiais, a partir de colônias trazidas do campo, para realização de bioensaios em laboratório. Os diferentes estágios/estádios de B. polydamas, alimentando-se de A. arcuata, foram predados em índices variados: 62,6% para larvas de 2° estádio; 50,0% para larvas de 3° e 42,9% para larvas de 4° estádio. Larvas de 5° estádio e crisálidas não foram predadas. As formigas tiveram índices de visitação significativamente menores em iscas com extratos e substâncias químicas das plantas hospedeiras e larvas, em relação a iscas controles (sem extratos ou substâncias), em um bioensaio de dupla escolha. Formigas também visitaram significativamente menos um padrão de ácido aristolóquico (I e II). Estes dados sugerem preliminarmente que substâncias químicas seqüestradas da planta hospedeira por esses lepidópteros estão relacionadas com sua defesa contra predadores

ASSUNTO(S)

interação inseto-planta aristoloquiacea lepidoptero parasitismo predação (biologia)

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