Insegurança alimentar de beneficiários de programas de transferência de renda

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

O quadro de insegurança alimentar do Brasil é um dos mais preocupantes do mundo e sua superação deve-se pautar na elaboração de políticas públicas intersetoriais. Este estudo teve por objetivo determinar a prevalência de insegurança alimentar de famílias beneficiárias de programas de transferência de renda e estabelecer associações entre a insegurança alimentar e as características sócio-demográficas das famílias. A população de estudo foi constituída por 421 famílias beneficiárias de programas de transferência de renda, residentes no município de Toledo-PR. Os dados foram coletados entre dezembro de 2006 e fevereiro de 2007, em visitas domiciliares com entrevista, mediante consentimento livre e esclarecido. Os instrumentos de coleta de dados foram a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), Questionário de Classificação Econômica (ABEP) e um questionário complementar. A presença de 4 a 6 moradores no domicílio foi observada em 69,1% dos casos e 94,3% apresentaram 1 ou mais moradores com idade inferior a 18 anos. Em 29,4% dos domicílios a renda per capita foi de R$ 150,01 ou mais e 88,6% dos entrevistados se disseram cadastrados em algum programa de transferência de renda; destes, 86,9% são beneficiários do Bolsa Família. Segundo a classificação econômica, 67,9% se enquadraram nas Classes D ou E. Em relação aos chefes de domicílio, 75,1% são do sexo masculino. A 4ª série não foi concluída por 45,6% dos chefes e cerca de 50% trabalhavam de maneira informal ou estavam desempregados. A insegurança alimentar esteve presente em 74,6% das famílias, das quais 5,9% apresentaram insegurança severa e 23,8% moderada. Quanto maior a renda média per capita, mais distante a família se apresenta da insegurança alimentar (p<0,0001). Conforme análise bivariada, as demais variáveis relacionadas à insegurança alimentar moderada ou severa foram: classe econômica D ou E (p<0,0001), presença de moradores menores de 18 anos no domicílio (p=0,0017), famílias que se dizem beneficiárias de programas de transferência de renda (p=0029), baixa escolaridade (p=0,0176) e o trabalho informal ou o desemprego (p=0,0003) do chefe do domicílio. Após o controle das variáveis na análise multivariada, mantiveram a associação a classificação econômica D ou E (OR=2,74 ? I.C.1,57 a 4,80), a presença 5 ou mais moradores no domicílio (OR=1,83 - I.C. 1,15 a 2,89) e o trabalho informal ou desemprego do responsável pelo domicílio (OR=1,81 ? I.C. 1,14 a 2,86). A elevada prevalência de insegurança alimentar moderada ou severa indica a necessidade de maior atenção às políticas públicas, de forma a auxiliar na melhoria da geração de emprego e renda, na inclusão de bens de consumo e serviços para as famílias e, no acesso a alimentos em quantidade e qualidade adequadas, de forma a garantir a segurança alimentar.

ASSUNTO(S)

fome pobres food policy hunger poor poor política alimentar

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