Influência do desenho amostral na taxa de captura e na estrutura da comunidade de mamíferos registrada a partir de armadilhas fotográficas no sudeste do Brasil.

AUTOR(ES)
FONTE

Biota Neotrop.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2013-06

RESUMO

A distribuição das espécies e os atributos das populações são dados críticos para a conservação da biodiversidade. Enquanto ferramenta para obtenção de tais dados, as armadilhas fotográficas tem se tornado cada vez mais comuns em estudos em todo o mundo. No entanto, há divergências sobre como os registros fotográficos devem ser utilizados devido a problemas de detectabilidade e limitações relacionadas ao uso das taxas de captura como substitutos de abundância. No presente estudo foram avaliadas variações na taxa de captura e na estrutura da comunidade de mamíferos registrada por meio de armadilhas fotográficas utilizando-se quatro diferentes desenhos amostrais. As armadilhas foram instaladas em estradas internas (primeiro e quarto anos), a 100-200 m de distância das estradas (bordas internas; segundo ano) e a 500 m da estrada mais próxima (interior da mata; terceiro ano). As comunidades de mamíferos amostradas em bordas internas e interior da floresta foram semelhantes entre si, mas diferiram significativamente daquelas amostradas em estradas. Além disso, para a maioria das espécies, o número de registros e o sucesso de captura variaram muito entre os quatro desenhos amostrais. A partir de um experimento desenvolvido paralelamente às amostragens, foi observado ainda que armadilhas fotográficas colocadas em um mesmo tronco de árvore, mas voltadas para direções opostas, registraram poucas espécies em comum. Nossos resultados demonstram que presença ou não detecção e taxas de captura variam entre diferentes desenhos de amostragem. Essas diferenças são atribuídas principalmente ao uso do habitat e atributos comportamentais das espécies, em associação com diferenças no desenho amostral, resultando em diferenças na detectabilidade. Foram também registradas variações na distribuição de registros entre pontos de amostragem e para o mesmo local, evidenciando a estocasticidade associada à localização e orientação das armadilhas. Esses dados reforçam que, para espécies cujos espécimes não podem ser individualmente identificados, os registros fotográficos são mais bem utilizados como insumo para análises de presença e detecção, assim como para obtenção de informações relacionadas a comportamento (uso preferencial de habitats e padrão de atividade, por exemplo). Comparações entre taxas de captura ou índices de abundância relativa, mesmo para a mesma espécie, devem ser realizadas com cautela.

ASSUNTO(S)

mata atlântica sucesso de captura viés de detecção probabilidade de detecção inventário de mamíferos

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