Indígenas e ensino superior: as experiências universitárias dos estudantes Kaingang na UFRGS

AUTOR(ES)
FONTE

Sociologias

DATA DE PUBLICAÇÃO

2021-04

RESUMO

Resumo Desde 2008, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), como parte de sua política de ações afirmativas, destina anualmente dez vagas para estudantes provenientes de comunidades indígenas em seus cursos de graduação. A presença desses sujeitos, historicamente ausentes do espaço universitário, representa um momento enriquecedor, tanto para os estudantes quanto para a própria instituição, mas também traz consigo muitos desafios. Este artigo analisa as experiências universitárias de alguns estudantes Kaingang na UFRGS – etnia que representa 85% dos alunos indígenas ingressantes na instituição. Mais especificamente, examina como eles acompanharam os conteúdos de seus cursos de graduação e como se relacionaram com colegas não indígenas e com professores. Os resultados mostram as dificuldades no uso, reprodução e apropriação dos conhecimentos acadêmicos enfrentadas pelos indígenas na tarefa de se tornarem estudantes universitários, bem como o tipo e a qualidade das relações estabelecidas com colegas e professores. Concluímos que o processo de aprendizagem do ofício de estudante é mais árduo e lento para os estudantes indígenas, tendo em vista as baixas expectativas de ingressar no ensino superior, a sua formação escolar precária, a falta de diálogo intercultural na universidade e as situações preconceituosas e discriminatórias vivenciadas no interior da UFRGS.

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