Imprensa estudantil e práticas de escrita e de leitura : a revista O Estudo (Porto Alegre/RS, 1922 a 1931)
AUTOR(ES)
Andréa Silva de Fraga
FONTE
IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
DATA DE PUBLICAÇÃO
2012
RESUMO
A pesquisa empreende uma reflexão histórica inscrita no campo científico da História da Educação, embasada teoricamente nos pressupostos da História Cultural e da história da cultura escrita e da leitura, com o uso de autores como Michel de Certeau e Roger Chartier. Seu objeto de análise situa-se no âmbito da história da imprensa de educação e ensino, e destaca a produção de impressos estudantis. Detém-se na análise de um corpus documental que corresponde a 31 exemplares da revista O Estudo, publicada entre os anos de 1922 a 1931, pelo Grêmio de Estudantes da Escola Complementar/Normal de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. E propõe a compreensão das práticas de escrita e de leitura das alunas através da publicação da revista. Para isso, a proposta de Chartier sobre a análise de práticas de escrita e de leitura se torna essencial, ou seja, estudar as relações entre o suporte, o texto e as práticas de leitura. O suporte, isto é a materialização da revista O Estudo, com sua apresentação física, sua composição gráfica e sua circulação, propagou textos que foram dispostos, impressos e publicados de maneira diversa. Também revelou os tipos de relação que a equipe de redação procurava estabelecer entre os textos e os leitores. A revista O Estudo pode ser compreendida como um produto da cultura escrita de um tempo, no contexto de uma instituição e de uma ação formativo-pedagógica. Nela o escrito se faz presente através de uma vasta produção textual, que contribuiu para uma maior circulação da palavra escrita e para suprir a demanda por material escrito. As alunas coordenaram escrita com leitura ao apresentarem textos referentes às aulas práticas, valendo-se das teorias difundidas no processo de formação e das experiências escolares. As leituras que integram a formação de professoras também estão apresentadas na publicação de textos transcritos, traduzidos e adaptados, recurso amplamente utilizado para a composição d¿O Estudo. Esses usos dos textos demonstram a forma como foram apreendidos, (re)utilizados, (re)escritos e produzidos no impresso estudantil e dispostos conforme a intenção editorial das alunas. Nesse processo de composição, difusão e apropriação, a instituição escolar passa a ter um contributo significativo, pois além do processo do ensino da leitura e da escrita, também colabora através dos novos usos e práticas que faz dos impressos. A Escola lança mão da prática de escrita de um impresso em formato de revista, um artefato sociocultural existente, incluindo como prática escolar. Isto é, a Escola, e mais especificamente as alunas da Escola Complementar/Normal, manipularam, compreenderam e apreenderam a palavra escrita em circulação na sociedade e estiveram envolvidas com a produção de um impresso estudantil, incentivado como prática escolar.
ASSUNTO(S)
student press história da educação practices of writing and reading escrita history of education leitura imprensa cultural history
ACESSO AO ARTIGO
http://hdl.handle.net/10183/63169Documentos Relacionados
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