IgA sérica, secretora, IgE total e estado nutricional em crianças com infecções por enteroparasitas

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2003

RESUMO

Infecções por parasitas intestinais são uma das principais causas de morbidade em humanos e, suas relações com níveis sócio-econômicos e condições de higiene em países em desenvolvimento já são bem estabelecidas. Muitos trabalhos, porém, estão sendo realizados para elucidar as complexas interações entre nutrição, estas infecções e resposta imunológica, pois é visto que desnutrição compromete a imunidade aumentando a susceptibilidade para doenças infecciosas e estas por sua vez podem prejudicar o estado nutricional humano. Sabe-se que parasitas helmínticos estimulam síntese de IgE tanto policlonal como específica para antígeno dos mesmos e que IgA secretora, principal imunoglobulina de defesa das mucosas, pode atuar contra protozoários como a Giardia lamblia e contra helmintos como Trichuris tichiura e Strongyloides stercorales. Alguns estudos mostram que a desnutrição energético protéica influencia na produção destas respostas, mas outros autores mostram resultados divergentes. Neste trabalho avaliou-se os níveis de IgE total, IgA sérica e secretora, contagem de eosinófilos sanguíneos, níveis de proteínas séricas e estado nutricional, em 103 crianças de baixo nível sócio-econômico, para se averiguar uma correlação entre esses e infecção por enteroparasitas. Participaram do estudo crianças de ambos os sexos, com idade de 3 a 6 anos, freqüentadoras da mesma creche e residentes em um bairro com precárias condições de higiene e saneamento básico, na cidade do Natal. Os resultados obtidos mostraram que as deficientes condições ambientais e sócio-econômicas favoreceram a uma alta freqüência de infecção por enteroparasitas, principalmente Trichuris trichiura e Ascaris lumbricoides entre os helmintos e Endolimax nana e Giárdia lamblia entre os protozoários. Desnutrição leve sem déficit protéico foi observada em 30% das crianças, as quais também não apresentaram deficiências significativas de IgA sérica e secretora. As crianças parasitadas apresentaram eosinofilia sanguínea e níveis séricos de IgE total elevados confirmando a importante participação das mesmas na resposta imune contra helmintos. Pode-se, portanto, sugerir que as crianças apesar de poliparasitadas não estavam com sua resposta imune de mucosa contra parasitas, prejudicada, provavelmente por ainda não estarem intensamente infectados, como observado na contagem de ovos por grama de fezes e também por não terem seu estado nutricional gravemente comprometido

ASSUNTO(S)

enteroparasitas infecção nutrição farmacia

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