Identificação e avaliação do efeito anti-inflamatório e antinociceptivo do extrato aquoso de Guadua paniculata

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

16/10/2012

RESUMO

O uso de plantas como medicamento e uma pratica antiga, que e ate hoje preservada por comunidades que fazem uso da chamada medicina tradicional. Nas ultimas decadas, a comunidade cientifica tem demonstrado um crescente interesse por esse conhecimento etnofarmacologico. Interesse esse, direcionado a validar o uso dessas plantas pela populacao como agente terapeutico, identificar novos componentes com atividade biologica de interesse e determinar a toxicidade da planta ou de seus compostos. Relatos etnofarmacologicos indicam o emprego do extrato aquoso do rizoma de Guadua paniculata na medicina popular do Goias, no tratamento de dores lombares. Dentro desse contexto, o objetivo do trabalho consistiu na validacao da eficacia e seguranca do extrato aquoso do rizoma de G. paniculata como recurso terapeutico, alem de identificar os compostos bioativos responsaveis pela acao farmacologica, que pode esta agindo sobre uma lombalgia inflamatoria. Para tanto, foi avaliado o potencial efeito anti-inflamatorio de G. paniculada, por meio do modelo de migracao de neutrofilo para a cavidade peritoneal de camundongos, bem como a acao antinociceptiva, pelo modelo de contorcoes abdominais, induzida por acido acetico, e teste da formalina. Na tentativa de elucidar os mecanismos de acao desse composto, o teste de ELISA foi realizado para a avaliacao dos niveis de secrecao de algumas das principais citocinas inflamatorias: IL-10; IL-12; IL-6 e IL-1À, quando exposta ao material de estudo. A citotoxidade do extrato foi testada pelo ensaio de atividade hemolitica e ensaio da avaliacao de viabilidade por MTT, enquanto a genotoxicidade foi avaliada por meio do teste de micronucleos. O fracionamento do extrato de G. paniculata foi realizado empregando a separacao por tamanho molecular, atraves de membrana de dialise com poro seletivo de 3,5kDa e posteriormente utilizando metodos que tem por base as diferencas no carater hidrofobico das moleculas, primeiro por precipitacao com sulfato de amonio, seguida de cromatografia de fase reversa em HPLC com coluna C4 semipreparativa e analitica. Os resultados demonstram que o extrato de G. paniculata foi capaz de inibir a migracao de neutrofilos para a cavidade peritoneal de camundongos, indicando uma acao anti-inflamatoria, provavelmente relacionadas a inibicao das citocinas: IL-12 e IL-1À. De modo similar, o tratamento dos animais com o extrato reduziu o numero de contorcoes abdominais induzidas por acido acetico, demonstrando sua acao antinociceptiva, confirmada pelos resultados do teste de formalina. Nos ensaios de avaliacao de toxicidade o extrato nao apresentou atividade hemolitica bem como nao levou ao aumento do numero de eritrocitos micronucleados. No ensaio de avaliacao da viabilidade por MTT, para linhagem MCF-7, nenhuma das concentracoes ministradas reduziu sua viabilidade, ja para linhagem NIH/3T3, as concentracoes de 5,12 mg/mL e 10,24 mg/mL reduziram a viabilidade da mesma em 26 e 30% respectivamente. A analise em MALDI-TOF/TOF, das fracoes oriundas da cromatografia, indicou a presenca de um composto de 22 kDa, que apos sequenciamento parcial de 28 residuos de aminoacidos e posterior alinhamento com sequencias de banco de dados, apresentou alta similaridade com a proteina osmotina. Em conjunto os resultados sugerem que o extrato de G. paniculata e provido de acao anti-inflamatoria e antinociceptiva provavelmente associada a proteina osmotina, descrita como efetiva no controle de colite em camundongos.

ASSUNTO(S)

plantas medicinais medicina popular toxicologia agentes antiinflamatórios botanica medicinal plants traditional medicine anti-inflammatory antinociceptive toxicity osmotin

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