Identificação da ocorrência em Bagé (RS) entre 1961 – 2009

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

As estiagens fazem parte da história do clima do Rio Grande do Sul (RS) e a frequência desse fenômeno não é baixa. O desenvolvimento socioeconômico de uma região pode ser afetado pela falta dos recursos hídricos necessários para as atividades como a agrícolas e uso doméstico. Estudos climáticos têm buscado compreender a dinâmica da distribuição e variabilidade da precipitação pluviométrica, bem como a ocorrência de eventos extremos. O objetivo desse trabalho é investigar a ocorrência de estiagens no município de Bagé, Rio Grande do Sul (RS) entre 1961 e 2009. Bagé (31°19′51″ S; 54°6′25″ W) situando-se em um dos setores de menor precipitação média anual da região sul do RS, oscilando entre 1300 mm a 1500 mm a-1. A precipitação pluviométrica mensal média é de 118,7 mm e relativamente bem distribuída ao longo do ano. No entanto, identificou-se a presença de uma estação úmida (abril a outubro), e outra propensa à ocorrência de estiagens (novembro a março). A precipitação média anual (1961-2009) é 1425 mm, com tendência de aumento de 7,9 mm a-1. As análises das médias sazonais, anuais, decenais e das anomalias constataram que esse aumento ocorreu a partir da década 1981 – 1990, distribuído no verão (0,44 mm a-1), outono (1,81 mm a-1) e primavera (0,43 mm a-1), e uma diminuição no inverno (-0,04 mm a-1). Para a identificação da ocorrência de estiagens em Bagé, também foi necessário analisar o comportamento médio mensal, sazonal, anual, decenal, e anomalias de precipitação e suas respectivas tendências entre 1961 e 2009. Para a determinação de períodos secos e úmidos, adaptou-se a metodologia de identificação de período secos e úmidos proposto por Birot (1959), adotando-se a relação de 6 mm de precipitação para 1ºC de temperatura. Essa metodologia resultou no Índice Mensal de Estiagem, que possibilitou classificar os meses secos, úmidos, e a ocorrência de estiagens em Bagé. Constatou-se que dos 49 anos estudados, 19 anos foram classificados como secos (38,8%). Também, observou-se a existência de dois períodos distintos, 1961–1983 e 1984–2009, no qual predominou maior concentração de períodos secos no primeiro período. As estiagens estiveram distribuídas nas quatro estações: verão (38 anos); outono (28 anos), primavera (20 anos) e inverno (12 anos). Nas ocorrências de estiagens com o fenômeno ENOS, observou-se que o mesmo esteve presente em 47,5% do total das estiagens identificadas, sendo 21% em anos de El Niño e 28% de La Niña. Os resultados obtidos evidenciam que não houve aumento no número de eventos de estiagens em Bagé, mas sim uma redução dos eventos, e que houve um aumento na precipitação pluviométrica, indicando mudanças no regime de precipitação do município. A Metodologia do Índice Mensal de Estiagem proposta nesse trabalho mostrou-se consistente na identificação dos eventos de estiagem.

ASSUNTO(S)

estiagem drought bagé (rs) precipitação pluvial pluviometric precipitation bagé rio grande do sul

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