Histórias de trabalhadores rurais se cruzando no passado e no presente : alfabetização de adultos : uma análise das práticas de "colonizadores" e "colonizados"

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Na atualidade, a promoção do desenvolvimento rural em sua concepção ampla de sustentabilidade, qualidade de vida e preservação do meio ambiente, é, ainda, um dos maiores desafios que se coloca a pesquisadores, ao poder público, e, também, à sociedade. Objetivando contribuir com elementos que ampliem a compreensão que se têm sobre as experiências de educação escolar, destinadas a adultos que habitam áreas rurais no Brasil e em Portugal, mais especificamente, àquelas que têm por finalidade promover a alfabetização desses atores, e que resultam de políticas governamentais, tema constante no âmbito desses debates e estudos, busquei localizar e analisar significados construídos sobre a alfabetização, por adultos não alfabetizados residentes em áreas rurais desses países, uma vez que pude constatar, no conjunto de estudos que têm sido realizados, a ausência de uma “voz” que, acredito, possa lançar “novas luzes” para a obtenção dos efeitos esperados para essas ações, ou seja, a voz daquele que evade... a voz daquele que não adere às propostas de ensino. Considerando que as ações educativas deveriam partir de uma identificação de quem são esses sujeitos, de suas necessidades e expectativas, pessoais e coletivas, busquei analisar os significados presentes no sentido atribuído ao ato de alfabetizar-se, para cada sujeito em particular e para a “coletividade”, residente nas áreas rurais investigadas; e, ainda, viabilizar com que “saberes-verdades” que vêm regulando a formulação de políticas públicas e as respostas da população adulta a ações que os inclui ou exclui da condição de beneficiários, pudessem emergir. Nessa perspectiva, realizei três estudos de casos que serviram de base para um estudo comparativo: o primeiro e o segundo estudos envolveram, respectivamente, participantes residentes em áreas rurais situadas nos Estados de Goiás e Pará, no Brasil; e, o terceiro estudo, participantes residentes na área rural do Concelho de Sabrosa, Região de Trás-os-Montes e Douro, em Portugal. Através de consulta a documentos, informações disponíveis em bancos de dados, aplicação de questionário sócio demográfico e coleta de histórias de vida, foi possível identificar alguns aspectos que caracterizando políticas públicas em vigor nos dois países; caracterizar os participantes do estudo, em termos de identidade sexual, faixa-etária, estado civil, local de nascimento, tempo de residência na área rural, experiências escolares anteriores, experiências de trabalho, vínculos com sindicato rural e movimentos sociais, escolaridade do cônjuge e dos pais; e, ainda, construir categorias de análise que resultaram da localização de recorrências entre os depoimentos concedidos pelos participantes, tais como suas condições atuais de vida, seu acesso à escola na infância, seus objetivos pessoais para aprenderem a ler e a escrever, e, por fim, seu modo de valorizar o estudo. Esse esforço descritivoanalítico possibilitou com que eu pudesse considerar que a não adesão de adultos a Programas de educação pode estar relacionada tanto a seu modo particular e/ou coletivo de resistir a ações ou políticas públicas, atreladas às novas formas de governo da contemporaneidade, como, também, que sua maior ou menor participação em processos de escolarização possam ser explicadas por suas formas singulares e coletivas de existir e a seus singulares projetos de vida e àquilo que os caracteriza ou não enquanto coletividade. É possível, ainda, considerar que educadores brasileiros podem aprender, com os educadores portugueses, a formular propostas de educação que promovam, de forma integrada, a animação cultural dos grupos sociais a que se destinam.

ASSUNTO(S)

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