Hipertensão Arterial Sistêmica: a Perspectiva dos Docentes no Ensino Médico

AUTOR(ES)
FONTE

Rev. bras. educ. med.

DATA DE PUBLICAÇÃO

14/10/2019

RESUMO

RESUMO Investigamos as representações sociais dos professores do curso de Medicina de uma universidade no litoral norte de Santa Catarina quanto à abordagem de pessoas com hipertensão arterial sistêmica (HAS) na prática clínica. Realizamos uma pesquisa qualitativa, utilizando entrevistas semiestruturadas para a coleta de dados com oito docentes do curso em uma amostragem de conveniência, representando as grandes áreas envolvidas no internato médico. Os dados foram analisados conforme a metodologia do Discurso do Sujeito Coletivo, usando como operadores as idéias centrais e expressões-chave. Verificamos que as pessoas com hipertensão chegam aos profissionais de diversas formas: a partir de um achado no exame físico realizado por outros motivos, na revisão de saúde por questões preventivas, em situações de urgência, referências ou com queixas que a pessoa atendida relaciona à pressão arterial elevada. Os docentes identificaram falta de associação entre a HAS e sintomas, atribuindo tal associação às pessoas acometidas, ainda que o discurso dos próprios sujeitos tratasse a HAS como doença mais do que como fator de risco. A má adesão ao tratamento surgiu como limitação das medidas não farmacológicas e farmacológicas, evidenciando-se a dificuldade de justificar as mudanças exigidas na vida das pessoas para lidar com um risco que não se traduz em illness na ausência de complicações associadas. Sugere-se a importância de definir de forma adequada a HAS como um sinal vital e fator de risco na graduação médica, a fim de evitar a promoção da doença e abordar de forma efetiva o problema por meio de um Plano de Manejo Conjunto quando as intervenções se fizerem necessárias.ABSTRACT We investigated the social representations of medicine teachers from a University in Santa Catarina state regarding their clinical approach to people with hypertension. This was a qualitative study employing semi-structured interviews with a convenience sample of eight teachers, each representing a field included in undergraduate medical internship. The collected data were analyzed according to the Collective Subject Discourse (DSC) methodology applying the resources of central ideas and key expressions. We verified that people with hypertension are identified by the subjects when they seek medical attention for different purposes: medical examination for complaints not related to hypertension, health check-ups, emergency situations, referrals from other professionals or even complaints that the person attributes to hypertension. The medical teachers identified a lack of association between hypertension and symptoms, attributing that association to those afflicted with hypertension, even though the subjects talked of hypertension more like as a disease, than a risk factor. Poor treatment adherence emerged as a limitation of non-pharmacological measures as much as of the pharmacological ones, pointing to the difficulties involved in justifying the lifestyle modifications usually prescribed to deal with a risk factor that is not identified as an illness when there are no associated complications defining disease situations. We suggest the importance of adequately defining hypertension as a risk factor throughout medical undergraduate training, in order to avoid disease mongering. Hypertension must be approached applying a joint problem management plan involving the physician and the person with hypertension.

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