Hipercalcemia e prejuízo de função renal associados à intoxicação por vitamina D: relato de caso
AUTOR(ES)
Guerra, Vanessa, Vieira Neto, Osvaldo Merege, Laurindo, Alan Fernandes, Paula, Francisco Jose Albuquerque de, Moysés Neto, Miguel
FONTE
J. Bras. Nefrol.
DATA DE PUBLICAÇÃO
2016-12
RESUMO
Resumo Atualmente, muitos brasileiros têm utilizado vitamina D (25-OHD) como suplemento vitamínico para prevenção de diversas doenças crônicas, apesar da falta de dados científicos consistentes sobre o papel deste secosteroide na prevenção de doenças que não as do metabolismo mineral. A intoxicação por vitamina D é rara, mas devido ao seu uso indiscriminado tem ocorrido com maior frequência. Nesse relato, um homem diabético de 70 anos de idade com doença renal crônica (creatinina sérica de 1,6 mg/dL) passou a fazer uso de colecalciferol e calcitriol para recomposição dos níveis de 25-OHD, que eram de 16 ng/mL. O mesmo desenvolveu quadro de lesão renal aguda (creatinina = 5,7 mg/dL), após 45 dias. Este processo emergiu em paralelo ao surgimento de hipercalcemia e níveis circulantes elevados de vitamina D. Foram suspensas a administração de vitamina D e calcitriol, a hipercalcemia foi tratada com hidratação endovenosa, seguida de diurético de alça e posteriormente pamidronato. O paciente, que havia sido encaminhado para diálise, não necessitou desse tratamento. Os níveis de 25-OHD voltaram ao normal 14 meses após a sua suspensão, e os níveis de creatinina voltaram aos patamares anteriores 24 meses após esse evento. A dose prescrita de vitamina D correspondeu a 2000 UI/dia, a qual não é considerada inadequada segundo recomendações atuais. Existe, no entanto, na literatura controvérsia quanto à sensibilidade individual à vitamina D. Não pode ser descartado o uso inapropriado pelo paciente e nem eventual erro de manipulação. Embora raro, o quadro de intoxicação por vitamina D é grave e potencialmente pode levar a complicações clínicas irreversíveis.
ASSUNTO(S)
envenenamento lesão renal aguda vitamina d