Hepatotoxicidade em tilápia do nilo (Oreochromis Niloticus) associada ä microcistina

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Falhas zootécnicas na aqüicultura podem favorecer a eutrofização da água e a floração de cianobactérias, dentre as quais a Microcystis aeruginosa, responsável pela produção de microcistinas (MCs). O efeito citotóxico da microcistina (MC) tem sido descrito no fígado de diversos animais. A MC inibe as proteínas fosfatases 1 e 2A, o que acarreta a destruição do citoesqueleto celular, o descontrole na divisão celular e promoção tumoral. A presença da MC na cadeia alimentar e em fontes de água destinadas ao consumo representa risco à saúde humana e animal, podendo muitas vezes levar à morte. O objetivo deste trabalho foi avaliar os achados histológicos empregando-se as colorações hematoxilina e eosina, Mallory e o ácido periódico de Shiff no fígado de tilápias expostas ao extrato celular de Microcystis aeruginosa da linhagem BCCUSP 262 por imersão e por inoculação intraperitoneal (ip), contendo várias concentrações de MCs. Objetivou-se também avaliar a proliferação dos hepatócitos desses animais, pelos métodos histoquímico (AgNOR) e imunoistoquímico (PCNA). Tilápias foram expostas, durante 72 horas, por imersão em água contendo 30,1, 60,2 e 150,5 μg/L de 7-desmetil MC-LR e 0,25, 0,5 e 1,25 μg/L de MC-LW e inoculadas ip em dose única com 0,602, 1,204 e 3,01µg/Kg de 7-desmetil MC-LR e 0,005, 0,01 e 0,025 µg de MC-LW/Kg de peixe vivo e avaliadas após 72 horas. Outro grupo de tilápias foi também exposto por inoculação ip em dose única com 2,845 x 10-4 µg MC-LR, 1,131 x 10-4 µg MC-LW e 1,707 x 10-4 µg MC-LF/Kg de peixe vivo e avaliadas após 15 dias. A análise histológica revelou megalocitose nos animais inoculados ip com a Microcystis BCCUSP 262 e necrose mais intensa também nestes animais. Figuras sugestivas de apoptose foram observadas nos animais imersos na maior concentração desse extrato, bem como nos inoculados ip (exceto com maior dose). A depleção de glicogênio hepático variou de moderada à intensa nos animais expostos à BCCUSP 262. Em alguns dos animais inoculados ip com este extrato e avaliados após 15 dias, a coloração histológica de Mallory confirmou a hipertrofia da parede de artéria hepática, evidenciada pela hematoxilina e eosina. Não houve diferença significativa na área e perímetro nuclear dos hepatócitos mensurados pelo AgNOR, entre os peixes controles e os expostos à BCCUSP 262, mas nestes houve uma tendência ao aumento no número de nucléolos e de pequenas AgNORs, distribuídas principalmente perifericamente na região nuclear. A marcação IHQ-PCNA nos animais expostos à BCCUSP 262 foi discreta e multi-focal nos grupos imersos e discreta e focal nos inoculados ip (72 horas) e foi moderada e multi-focal nos animais avaliados após 15 dias da inoculação ip. Não houve lesão e marcação imunoistoquímica nos fragmentos hepáticos do grupo controle. Os resultados do presente estudo demonstraram alterações histológicas e aumento na proliferação de hepatócitos de tilápias expostas à Microcystis aeruginosa da linhagem BCCUSP 262.

ASSUNTO(S)

tilápia (peixe) - doenças cianobactéria toxicologia veterinária cyanobacteria tilapia - diseases veterinary toxicology

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