Fungos filamentosos isolados de sedimentos estuarinos que metabolizam hidrocarbonetos aromaticos policiclicos

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2002

RESUMO

Fungos filamentosos foram isolados de sedimentos de ambiente estuarino na Baixada Santista (SP) visando conhecer a micobiota do local e selecionar aqueles com potencial para metabolizar hidrocarbonetos aromáticos policíc1icos(HAPs). As coletas foram realizadas em 3 áreas que diferiram quanto à natureza e grau de contaminação. Representantes de ascomicetos, basidiomicetos, zigomicetos e fungos mitospóricos foram isolados e avaliados quanto à sua tolerância aos compostos fenantreno e pireno, adicionados em meio de cultura sólido (MA 0,5%) em duas concentrações diferentes (50 e 100 Ilg rnL-1). Os ensaios mostraram que 56% dos isolados apresentaram tolerância ao pireno e 30% ao fenantreno. Os isolados tolerantes foram caracterizados e identificados, sendo dezenove fungos filamentosos, representantes de diferentes grupos taxonômicos, selecionados para os experimentos de biotransformação de pireno (40 Ilg rnL-1SDB). Os metabólitos produzidos foram extraídos e analisados por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). Seis isolados, que demonstraram potencial para oxidar pireno, foram avaliados em experimentos com [14C]pireno. Destes, Cyclothyrium sp., Penicillium simplicissimum, Psilocybe sp. e um micélio estéril apresentaram capacidade para metabolizar este composto. Cyclothyrium sp., um celomiceto, foi o mais eficiente, transformando 48% do pireno em 4 metabólitos, incluindo um diidrodiol. Este foi o primeiro registro de um fungo não-basidiomiceto que produziu diidrodiol a partir de pireno. Este fungo também foi avaliado com uma mistura sintética de hidrocarbonetos aromáticos policíclicos e, após 192 h de incubação, metabolizou simultaneamente 70, 74, 59 e 38% de fenantreno, pireno, antraceno e benzo[a]pireno, respectivamente. Em outro experimento, Cyclothyrium sp. foi incubado com hidrocarbonetos aromáticos de diferentes massas molares, individualmente, incluindo naftaleno, bifenilo, antraceno, fenantreno, pireno e benzo[a]pireno. Destes, bifenilo, antraceno, fenantreno e pireno foram transformados em vários metabólitos, que foram posteriormente isolados e identificados. Fenantreno foi o mais eficientemente oxidado, sendo 90% de [14C]fenantreno transformado em 6 metabólitos. Os resultados obtidos sugerem que o sistema enzimático utilizado por Cyclothyrium sp. seja, possivelmente, a citocromo P-450 monoxigenase e epóxido hidrolase, o mesmo utilizado por outros fungos e por mamíferos. Cyclothyrium sp. foi muito eficiente na metabolização de HAPs, principalmente quando presentes em misturas, demonstrando potencial para futuros estudos de micorremediação

ASSUNTO(S)

fungos biotransformação (metabolismo) hidrocarbonetos policiclicos aromaticos bioremediação

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