Fronteiras, violência e criminalidade na Região Platina: o caso do município de Alegrete (1852-1864)
AUTOR(ES)
Edson Romário Monteiro Paniagua
DATA DE PUBLICAÇÃO
2003
RESUMO
Este trabalho analisa a violência e a criminalidade que se fizeram presentes na fronteira sul do Brasil, situada à oeste do estado do Rio Grande do Sul, na qual o município de Alegrete ocupou uma função geoestratégica relevante. Nesse sentido trabalhamos com as seguintes hipóteses: a fronteira do Alegrete, durante o período focalizado (1852 a 1864), não esteve marcada apenas pela intensidade dos intercâmbios comerciais e pela paz na política externa. Ela serviu como resistência social aos setores marginalizados da campanha oeste sul-rio-grandense, diante da nova ordem capitalista que se impunha nessa área, com a privatização da terra e dos rebanhos. Sendo assim, ela foi reduto de uma intensa movimentação de pessoas, de violência e de atos criminosos; a fronteira oeste da Província de São Pedro, entre os anos de 1852 a 1864, não foi reconhecida pela população da campanha como um limite às suas ações econômicas e sociais. Essa forma e uso desse território foram reencontrados pelos agentes sociais, caracterizando uma tradição de espaço regional, vivenciado desde o período colonial, os séculos XVII e XVIII. Dividimos o trabalho em três capítulos. No primeiro, analisamos a formação de um espaço regional na campanha oeste durante os séc. XVII e XVIII, o qual foi ponto de partida para a construção de experiências econômicas e sociais que sedimentaram uma tradição cultural na população rural em ambas as margens do rio Uruguai. No segundo, enfocamos a formação das fronteiras do Rio Grande do Sul por parte da Coroa Portuguesa, processo que ganhou força e definição a partir do séc. XIX e que, rompendo com o espaço regional construído nos séculos anteriores, ocorreu paralelamente à privatização da terra e dos rebanhos. O terceiro capítulo analisa a violência e a criminalidade na campanha oeste sul-rio-grandense. Inicialmente, as focalizamos a partir do ângulo do estado, isto é, como contravenção. Num segundo momento, como fenômenos de resistência social. Concluímos que a fronteira oeste do Rio Grande do Sul foi organizada e reorganizada no interior de um espaço regional e, nesse sentido, ela foi questionada de maneira inconsciente pela classe popular da campanha, orientada por padrões culturais formados durante os séc. XVII e XVIII
ASSUNTO(S)
alegrete resistance história política criminality rio da prata frontier space and violence fronteira geopolítica region rio grande do sul historia fronteira
ACESSO AO ARTIGO
http://bdtd.unisinos.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=306Documentos Relacionados
- Fronteiras, trajetórias e experiências de rupturas
- BRAZILS EXTERNAL POLITIC TO THE URUGUAY FROM 1852 TO 1864
- Fronteiras, Travessias e Passagens... O Entre- Lugar do Maravilhoso em “O Sumiço Da Santa” de Jorge Amado
- Fronteiras, armadilhas e muros: contribuições teóricometodológicas para o debate sobre território
- Horacio Quiroga e Cyro Martins : fronteiras, confluências