Freqüência dos problemas neuromusculares ocupacionais de pianistas e sua relação com a técnica pianística - uma leitura transdisciplinar da medicina do músico.
AUTOR(ES)
Joao Gabriel Marques Fonseca
DATA DE PUBLICAÇÃO
2007
RESUMO
INTRODUÇÃO: Tocar um instrumento musical é, popularmente, tido como algo eminentemente lúdico, destituído de qualquer risco, mas essa não é a realidade observada em serviços de medicina do músico. O estudo sistemático de um instrumento musical não é uma tarefa simples e implica em uma demanda física e emocional não imaginável por quem não se dedica a ele. Em níveis elevados de performance, tocar piano é algo análogo à performance de um atleta, envolvendo intenso treinamento muscular, com longas horas diárias de prática. Esse alto nível de exigência predispõe os pianistas de elite a vários problemas neuromusculares. Apesar disso, as doenças ocupacionais desses profissionais são pouco conhecidas, pouco estudadas e pouco valorizadas. OBJETIVOS: Fazer uma revisão da literatura sobre os problemas ocupacionais neuromusculares dos pianistas e sobre a evolução conceitual e prática da técnica pianística; estudar a freqüência das doenças neuromusculares ocupacionais de pianistas em nosso meio e a influência dos problemas técnicos da performance pianística na gênese desses problemas. METODOLOGIA: Esse trabalho foi um estudo de corte transversal clínico ocupacional, que combinou três conjuntos de dados: (1) freqüência de desconfortos auto-referidos, obtida através da aplicação de questionário a um grupo de noventa e três pianistas (profissionais ou estudantes de curso superior de piano) e a um grupo controle de cinqüenta e um não músicos; (2) freqüência e natureza de problemas técnico-pianísticos avaliados a partir de filmagens de cinqüenta e um pianistas durante performance, com base num protocolo de avaliação especialmente desenvolvido para essa pesquisa; (3) avaliação clínico-neurológica e neurofisiológica (medida da velocidade de condução nervosa) dos mesmos cinqüenta e um pianistas cuja técnica foi avaliada, para consubstanciar a avaliação da performance. Cada um dos conjuntos de dados foram obtidos por pesquisadores diferentes, cegos aos resultados uns dos outros. RESULTADOS: O cruzamento dos dados obtidos permitiu constatar a elevada freqüência de sintomas neuromusculares ocupacionais nos pianistas estudados (91,5%), muito superior ao grupo controle (61%) p <0,001. Os principais sintomas foram dor e fadiga muscular; os pianistas apresentaram dores principalmente no pescoço, nas costas e nos membros superiores. Ficou estatisticamente demonstrada a correlação dos problemas técnicos de performance com os desconfortos apresentados (p <0,05). CONCLUSÕES: A incidência de problemas neuromusculares ocupacionais em pianistas é muito elevada e as dificuldades técnicas de performance se mostraram como um fator importante no aparecimento desses problemas.
ASSUNTO(S)
fatores de risco decs meia idade decs adulto decs adolescente decs questionários decs antebraço/patologia decs dor nas costas decs fadiga muscular decs doenças ocupacionais decs doenças neuromusculares/etiologia decs música decs protocolos clínicos decs extremidade superior/patologia decs eletromiografia decs estudos transversais decs cervicalgia decs
ACESSO AO ARTIGO
http://hdl.handle.net/1843/ECJS-757PEGDocumentos Relacionados
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