Fragmentos de visualidades chinesas no setecentos mineiro(1920-1970)
AUTOR(ES)
Andrea Piazzaroli Longobardi
FONTE
IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
DATA DE PUBLICAÇÃO
30/09/2011
RESUMO
Este trabalho buscou delinear práticas e significados atrelados ao gênero das chinoiseries no contexto da ornamentação sacra da Capitania das Minas Gerais (1720-1770). Ao traçar um histórico da técnica de pintura com o pigmento vermelhão, percebeu-se que tal pigmento, utilizado na pintura de charão, foi atrelado à temática oriental quando aumentou a circulação de objetos das Índias Orientais, bem como a disseminação do gosto oriental. A formação desse gosto por imagens e referências orientais foi pautado pela valorização das mercadorias de origem ultramarina, e pela projeção da idéia de terras repletas de maravilhas, justas e harmoniosas, em reinos e impérios extremo-orientais. As chinoiserie abordadas por este trabalho possuem como referência visual um gênero específico da arte sínica o shanshui (montanha-água). Tal gênero sínico foi disseminado na Europa através da circulação de pocelanas ornamentadas. Seguindo tal estrutura de composição, as chinoiserie combinam signos que circularam em gravuras-modelo utilizadas por pintores ornamentistas europeus. Essa superposição de modelos e signos é uma característica das chinoiserie que está em pleno acordo com o modo de produção e invenção retórica das artes coevas. A fim de averiguar os modos de composição e as referências utilizadas nas chinesices na Capitania das Minas Gerais, realizou-se um elenco das imagens presentes nesses painéis. Analisou-se, para esse fim, exemplos específicos como a porta esquerda da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Sabará e a Igreja de Nossa Senhora da Expectação do Parto. Observa-se nas chinoiseries que o engenho dos artífices foi empregado, muitas vezes, com predominância da fantasia sobre o juízo - ambos foram maneiras de compor caracteristicas das artes seiscentistas e setecentistas. Assim, tanto o ouro e a laca do douramento quanto os exóticos signos nas chinesices podem ser considerados referências que figuram em função da comoção dos afetos do fruidor. Infere-se que o ornamento, na arte setecentista ibérica, pode ser visto como como enkomion, ou elogio de coisas consideradas elogiáveis. Assim, a forma de invenção e composição do gênero das chinoiserie pode ser definida, - conforme o historiador Álvaro Samuel como práticas exotismo orientalizante. A alteridade, o exótico, nessas obras, indicava a projeção de sonhos próprios da cultura Ocidental produtora daqueles gêneros.
ASSUNTO(S)
história teses. arte chinesa minas gerais arte história teses exotismo na arte teses. minas gerais história teses.
ACESSO AO ARTIGO
http://hdl.handle.net/1843/VGRO-8QTP3JDocumentos Relacionados
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