Fragmentos de visualidades chinesas no setecentos mineiro(1920-1970)

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

30/09/2011

RESUMO

Este trabalho buscou delinear práticas e significados atrelados ao gênero das chinoiseries no contexto da ornamentação sacra da Capitania das Minas Gerais (1720-1770). Ao traçar um histórico da técnica de pintura com o pigmento vermelhão, percebeu-se que tal pigmento, utilizado na pintura de charão, foi atrelado à temática oriental quando aumentou a circulação de objetos das Índias Orientais, bem como a disseminação do gosto oriental. A formação desse gosto por imagens e referências orientais foi pautado pela valorização das mercadorias de origem ultramarina, e pela projeção da idéia de terras repletas de maravilhas, justas e harmoniosas, em reinos e impérios extremo-orientais. As chinoiserie abordadas por este trabalho possuem como referência visual um gênero específico da arte sínica o shanshui (montanha-água). Tal gênero sínico foi disseminado na Europa através da circulação de pocelanas ornamentadas. Seguindo tal estrutura de composição, as chinoiserie combinam signos que circularam em gravuras-modelo utilizadas por pintores ornamentistas europeus. Essa superposição de modelos e signos é uma característica das chinoiserie que está em pleno acordo com o modo de produção e invenção retórica das artes coevas. A fim de averiguar os modos de composição e as referências utilizadas nas chinesices na Capitania das Minas Gerais, realizou-se um elenco das imagens presentes nesses painéis. Analisou-se, para esse fim, exemplos específicos como a porta esquerda da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Sabará e a Igreja de Nossa Senhora da Expectação do Parto. Observa-se nas chinoiseries que o engenho dos artífices foi empregado, muitas vezes, com predominância da fantasia sobre o juízo - ambos foram maneiras de compor caracteristicas das artes seiscentistas e setecentistas. Assim, tanto o ouro e a laca do douramento quanto os exóticos signos nas chinesices podem ser considerados referências que figuram em função da comoção dos afetos do fruidor. Infere-se que o ornamento, na arte setecentista ibérica, pode ser visto como como enkomion, ou elogio de coisas consideradas elogiáveis. Assim, a forma de invenção e composição do gênero das chinoiserie pode ser definida, - conforme o historiador Álvaro Samuel como práticas exotismo orientalizante. A alteridade, o exótico, nessas obras, indicava a projeção de sonhos próprios da cultura Ocidental produtora daqueles gêneros.

ASSUNTO(S)

história teses. arte chinesa minas gerais arte história teses exotismo na arte teses. minas gerais história teses.

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