Foraclusão, exclusão e segregação : da drogadicção em suas relações com a família e com a sociedade

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

A presente tese visa retomar a análise dos processos de segregação, com ênfase nas relações entre drogadicção, família e sociedade, para com isto investigar como a hiperdeterminação entre exclusão social e exclusão psíquica leva o sujeito a propagar social e geracionalmente a Segregação, podendo, também (por causa de outrem), encontrar origem nessa. Em outros termos, buscamos verificar neste trabalho, conceitualmente, bem como na e através da interpretação dos casos “escutados”, a possível provocação foraclusiva da drogadicção, assim como os seus efeitos de retroalimentação perversa existentes no nível extensivo do laço social (toxicomania), vistos enquanto produtos e produtores dos processos de segregação. Isto implica admitir a vigência de uma suposição que articula conceitualmente, em espiral dialética, as categorias de: Foraclusão do Nome-do-Pai, auto e hetero Exclusão (através da agressividade egoica) e Segregação. Para tal, elaboramos um quadro teórico-clínico que responde à articulação da psicanálise intensiva (clínica) com a psicanálise extensiva, enquanto abordagem que possibilitou o mapeamento do modo de ser do fenômeno da droga, como um sintoma social. E, por se tratar de uma categoria extensiva, que nos confronta com o tema da Segregação, nossa abordagem buscou pensar as condições psíquicas e sociais da exclusão (drogatícia), com vistas à proposição de subsídios teóricos às medidas sócio-pedagógicas em prol dos necessários atos de inclusão nos ambientes escolares. Assim, do ponto de vista do excluído, por vezes um drogadito, o estudo constatou a presença possível de três questões: 1º) a agressividade egoica; 2º) uma tendência à ruína psíquica, expressa na forma auto-hostil de um gozo com a morte, causada pela recusa do desmame, em função da suposição de fusão com o objeto impossível; e, 3º) a possível falência social e transmissiva da família. Já enfocando os efeitos sociais da toxicomania, levantamos a possibilidade: 1º) da inserção do drogadito, por efeito de estrutura, na perversão social; 2º) da configuração extensiva de uma relação entre o duo drogadicção/toxicomania e o binômio Kant/Sade; e finalmente, 3º) do contexto retroativo da Segregação que, ao hiperdeterminar exclusão social e (auto-)exclusão psíquica, leva o sujeito (drogadito), não só a transmitir a segregação, inclusive geracionalmente, mas também, por causa da ancestralidade, a tomá-la como fato originário. Por isso, em nosso percurso experimental fomos forçados a reconhecer a validade do diagnóstico lacaniano sobre a morte do olhar do Outro, principalmente no que concerne a função simbólica da metáfora paterna, condição de possibilidade dos processos civilizatórios e educativos. Em face desta foraclusão do Outro, no nível do laço social, nossa leitura, em caráter preventivo, visou destacar a importância da promoção e da transmissão, na infância, do referencial simbólico e amoroso, quando emanado da paternidade. Por outro lado, do ponto de vista dos casos individuais, nossa abordagem enfatiza a “escuta”, enquanto ato capaz de colocar limite ao gozo com a morte (em suas formas auto e hetero-hostis), possibilitando ao sujeito (drogadito ou não) se incluir ali onde ele se excluiu, na família, na escola e na sociedade.

ASSUNTO(S)

drug addiction segregação escolar marginalidade social toximania drogas psycho and social exclusion psicanálise segregation racismo exclusão escolar bullying

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