Florística e estrutura da comunidade arbórea de trechos de Floresta Amazônica, Alto Rio Xingu, Mato Grosso, Brasil / Floristic and structure of the arboreal community in strech Amazonian Forest area, Xingu River Upper, Mato Grosso, Brazil

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

A Floresta Estacional Perenifólia está sofrendo fortes impactos ambientais decorrentes das atividades agropecuárias e madeireiras e, a preocupação com o acelerado decréscimo da cobertura vegetal nesta fitofisionomia, justifica-se pelo fato de que pouco se conhece sobre sua florística e padrões ecológicos, os quais são relevantes para auxiliar programas de conservação e restauração da cobertura vegetal. Assim, o objetivo deste estudo foi analisar a composição florística e a estrutura fitossociológica do componente arbóreo da Bacia Hidrográfica do rio das Pacas, bem como a similaridade florística desta fitofisionomia com outras florestas do domínio Amazônico e do Cerrado. Foram selecionados cinco pontos de amostragem ao longo da Bacia do rio das Pacas, os quais situam-se nas fazendas: São Sebastião, Trairão, Amoreiras e Dois Americanos, onde foram amostradas duas áreas em função do grau de perturbação em uma delas. Para a amostragem da vegetação foram distribuídos 200 pontos-quadrantes em cada área e 100 pontos na área com sinais de perturbação antrópica, sendo inclusos todos os indivíduos arbóreos que apresentavam diâmetro a altura de 1,30 m do solo (DAP) ≥ a 10 cm. A análise da similaridade florística foi feita por meio do índice de Jaccard e cluster analysis entre áreas de floresta dos Estados de Mato Grosso, Rondônia, Amazonas, Pará, Maranhão e Distrito Federal. A densidade total amostrada das áreas foi de 740 ind./ha, em média, com exceção da área com sinais de perturbação na Fazenda Dois Americanos (909 ind./ha). Foram registradas 94 espécies, 58 gêneros e 35 famílias, entre as quais Fabaceae destacou-se em riqueza, representada por 13 espécies, assim como Melastomataceae (8), Burseraceae e Lauraceae (7). As espécies que se destacaram em Valor de Importância foram: Ocotea leucoxylon (Sw.) Laness., que ocupou a 1 posição em VI em todas as áreas, Xylopia amazonica R.E. Fr. e Myrcia multiflora (Lam.) DC. que ocorreram em quatro áreas, embora não tenham a mesma representatividade em todos os trechos. A maioria dos indivíduos concentrou-se nas classes diamétricas mais baixas (10 a 20 cm), bem como a altura seguiu o mesmo padrão em todas as áreas, havendo maior quantidade de indivíduos com 6,7 a 16,5 m de altura. O maior valor de diversidade encontrado foi no trecho preservado da Fazenda Dois Americanos (H=3,56) e o menor foi no trecho da Fazenda Trairão (H=3,17), sendo ambos considerados baixos por se tratar de Floresta Amazônica. Apesar disso, a eqüabilidade de Pielou foi em torno de 0,85, havendo baixa concentração de abundância em espécies dominantes. A vegetação da Bacia do rio das Pacas apresentou maior similaridade com os trechos de Floresta Estacional Perenifólia de Gaúcha do Norte-MT e com as Florestas Estacionais Monodominantes de Nova Xavantina e Água Boa-MT, sugerindo que a fitofisionomia estudada apresenta flora distinta daquelas fitofisionomias do entorno. Por fim, a riqueza e a composição florística observadas são semelhantes ao longo da Bacia do rio das Pacas apesar de haver diferenças estruturais entre os trechos, sobretudo quando se considera que muitas espécies com alto valor econômico estão sendo regionalmente extintas. Neste sentido, fica evidente a necessidade de preservar as áreas de floresta nativa nesta bacia hidrográfica, bem como promover a efetivação do Sistema de Licenciamento Ambiental em Propriedades Rurais.

ASSUNTO(S)

upper xingu floresta amazônica amazonian forest brazil floresta estacional perenifolia evergreen seasonal forest alto xingu conservacao da natureza

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