Finance, communities and innovations: financial organizations of the family farmer: the Cresol System (1995-2003) / Finanças, comunidades e inovações : organizações financeiras da agricultura familiar - o Sistema Cresol (1995-2003)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

Governos, agências de cooperação internacional, organizações não-governamentais, associações, cooperativas e instituições financeiras vêm reconhecendo, especialmente a partir dos anos 1990, a importância do microcrédito e das microfinanças para atender as demandas financeiras das populações mais pobres, que não têm acesso ao sistema financeiro ou acessam-no com dificuldades. São novas modalidades de operacionalização dos produtos financeiros, que facilitam o acesso a contas corrente e de poupança, seguros e créditos de pequeno montante e que utilizam a maior proximidade social com a clientela para avaliar o risco e as garantia do crédito concedido. Organizações financeiras adaptadas vêm atendendo também as demandas financeiras dos agricultores familiares, em diversos países. No Brasil, o Sistema de Cooperativas de Crédito Rural com Interação Solidária ? o Sistema Cresol, na região Sul, formado por pequenas cooperativas, atende exclusivamente esse público. Constituído no biênio 1995/1996, o Cresol apresenta importantes resultados: tem ampliado e universalizado o atendimento financeiro, reduzido os custos de transação dos financiamentos, consolidado laços com o espaço local e com os agentes que nele atuam e assegurado sua sustentabilidade institucional e financeira. Para responder por que as organizações financeiras da agricultura familiar, como o Sistema Cresol, conseguem ampliar o acesso desses agricultores aos benefícios da política de financiamento rural e ao sistema financeiro, alcançando segmentos sociais que, tradicionalmente, o sistema bancário não prioriza ou tem dificuldades para atender, elaborou-se esta tese. Sua hipótese é que as organizações financeiras da agricultura familiar produzem, em relação às práticas tradicionais do sistema bancário, inovações em diferentes dimensões para a oferta de crédito e de outros serviços financeiros; a capacidade de inovar é função dos elementos do arranjo institucional em que a atuação das organizações está fundamentada. O objetivo é analisar os elementos do arranjo institucional que sustenta o Sistema Cresol, os atributos que tornam tal arranjo inovador, conferindo-lhe eficiência na coordenação de determinada transação, e o papel das inovações para a própria permanência da organização financeira. A análise se fundamenta, desse modo, nos fatores econômicos e não-econômicos da trajetória e dinâmica do Sistema Cresol. Conclui-se que a flexibilidade que as cooperativas têm para se adequarem à realidade das comunidades em que atuam, que facilita a assimilação ao arranjo institucional da complexa trama social local, e os instrumentos de gestão contábil-financeira e de controle social, que facilitam o processo de aprendizagem acerca da organização, são os elementos que diferenciam o arranjo institucional do Sistema Cresol, favorecem as inovações e atribuem maior consistência às variáveis econômico-financeiras. A identidade institucional baseia-se, portanto, em vínculos concretos entre duas realidades, a das organizações financeiras e a dos agricultores familiares, havendo, por isso, uma proximidade social entre a atuação das cooperativas e as demandas financeiras dos agricultores e, também, a adequação dessas demandas à racionalidade econômica que caracteriza o empreendimento cooperativo

ASSUNTO(S)

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