Fatores preditivos para recidiva local e para ressecção incompleta de adenocarcinoma gástrico precoce tratado através da exérese endoscópica / Predictive factors for local recurrence and incomplete resection of early gastric cancer treated by endoscopic resection

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

O câncer gástrico precoce é definido como adenocarcinoma que não ultrapassa a camada submucosa, independentemente o acometimento linfonodal. O diagnóstico é feito através do exame de endoscopia digestiva alta e da avaliação histopatológica. Pode ser tratado através de mucosectomia endoscópica, sendo reconhecidos vários fatores que influenciam a chance de cura após a ressecção. Quando o adenocarcinoma gástrico precoce bem diferenciado está à restrito a mucosa, com margens de ressecção livres de neoplasia, sem ulceração histológica, invasão linfática ou venosa é alta a chance de cura após a ressecção endoscópica. A freqüência de recidiva local nestes casos varia de 2,8% a 5,7%. Por outro lado, a expressão de antígenos por células tumorais detectadas através da imunohistoquímica pode indicar o comportamento biológico dos tumores. O carcinoma gástrico precoce tipo diferenciado pode apresentar propriedades fenotípicas diferentes que se correlacionam com a expressão de mucinas. Através da expressão de mucinas é possível estratificar o adenocarcinoma diferenciado em tipo intestinal, gástrico, misto ou indeterminado. O objetivo deste estudo foi avaliar os fatores preditivos para a ressecção incompleta e recidiva local do câncer gástrico precoce tratado através de mucosectomia endoscópica e com acompanhamento superior a um ano. De junho de 1994 a dezembro de 2005, avaliaram-se 46 pacientes com câncer gástrico precoce submetidos a 47 mucosectomias endoscópicas. Através da análise de dados de prontuário, identificaram-se possíveis fatores preditivos para a ressecção endoscópica incompleta e para a recidiva local. Vinte e dois pacientes com critérios para alta probabilidade de cura foram avaliados prospectivamente em relação aos fatores para recidiva e submetidos a perfil imunohistoquímico das lesões ressecadas. Houve recuperação de peças ressecadas em 18 (81,8%) casos. Neste grupo, houve recidiva local em cinco (27,7%) casos. Assim, os pacientes foram avaliados pelos dados demográficos, endoscópicos e histopatológicos. As mucosectomias endoscópicas foram consideradas como ressecção completa ou incompleta. No grupo ressecção completa, os pacientes foram divididos nos subgrupos com ou sem recidiva. Os pacientes com critérios de alta probabilidade para cura foram divididos nos grupos com ou sem recidiva e comparados pelos dados demográficos, endoscópicos, e histopatológicos e imunohistoquímico. As peças ressecadas foram avaliadas quanto à expressão dos marcadores Muc-2, Muc-5a, CD-10, p-53 e Ki-67. O tempo médio de seguimento foi de 69,4 meses ± 36,5 meses. Sobrevida em cinco anos foi de 84,78%. Observaram-se sete (15,21%) óbitos. Houve ressecção completa em 36 casos (76,6%). Foram fatores preditivos de ressecção incompleta, as localizações em parede posterior de terço superior e inferior do estômago (p= 0,035), o tipo histológico indiferenciado (p=0,021), o tamanho da lesão maior que dois centímetros (p= 0,022) e o número de fragmentos maiores ou iguais a dois fragmentos (p= 0,013). Em análise estatística multivariada, o tipo histológico indiferenciado (OR= 0,8; IC (95%)= 0,036-0.897) e números de fragmentos (OR=7,34; IC (95%) = 1.266- 42.629) foram fatores preditivos independentes para ressecção incompleta. No grupo ressecção completa, observou-se que quanto maior o tamanho da lesão, maior o número de fragmentos ressecados (p=0,018). Houve recidiva local em 9 casos (25%). Como fator preditivo para recidiva local, destaca-se a técnica tipo cap com 5/7 casos (71,4%) (p=0,006). Na análise dos pacientes com critérios de alta probabilidade de cura, os dados demográficos (sexo, idade e raça), endoscópicos (tipo macroscópico, localização, número de fragmentos ressecados, técnica de ressecção empregada) e histopatológico (tamanho da lesão e nível de invasão) não mostraram diferença estatística significativa entre os grupos sem ou com recidiva. A análise imunohistoquímica revelou que o marcador Muc-5a esteve presente em 4/5 (80%) dos casos do grupo com recidiva (p=0,026) e quando se estratificaram os casos pela expressão de mucinas, observou-se que o tipo misto se apresentou em 4/5 (80%) casos no grupo com recidiva e o tipo intestinal em 10/13(76,9%) casos no grupo sem recidiva (p=0,004). O adenocarcinoma indiferenciado e números de fragmentos são fatores preditores para ressecção incompleta. O tamanho e a localização da lesão também foram fatores preditores de ressecção incompleta, porém, não de forma independente. A recidiva local teve como fator preditivo o tipo de técnica. O estudo imunohistoquímico se mostrou importante na presunção de recidiva local, nos casos em que os critérios para alta probabilidade de cura foram respeitados. O adenocarcinoma gástrico com expressão das mucinas para o fenótipo do tipo misto se mostrou como fator preditivo para recidiva local do câncer gástrico precoce.

ASSUNTO(S)

fatores de risco imunohistoquímica stomach neoplasms endoscopia gastrointestinal/métodos gastrointestinal endoscopy/methods neoplasias gástricas risk factors recidiva local de neoplasia resultado de tratamento treatment outcome local neoplasm recurrence immunohistochemistry

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