Fatores estimuladores de colonia na prevenção da neutropenia febril induzida pela quimioterapia em crianças com leucemia linfoblastica aguda : revisão sistematica da literatura ate abril 2002

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2003

RESUMO

RAZÕES: A mielossupressão e conseqüente neutropenia febril, causadas pela quimioterapia intensiva no tratamento da leucemia linfoblástica aguda (LLA) pediátrica são complicações graves e de alto risco. Os fatores estimuladores de colônias (FEC) são citoquinas usadas para elevar o número de neutrófilos circulantes e reduzir as complicações decorrentes da neutropenia, apesar de não haver consenso sobre seu uso em crianças na literatura. Existem alguns estudos randomizados com resultados conflitantes quanto ao benefício dos FEC nestes pacientes. A falta de dados conclusivos provenientes de estudos conflitantes exige a realização de uma revisão sistemática da literatura sobre o uso profilático dos FEC. MÉTODOS: Revisão sistemática da literatura que incluiu estudos randomizados com desenho paralelo, comparando o uso de FEC versus placebo ou observação em crianças com LLA em quimioterapia não ablativa. A pesquisa englobou bases de dados computadorizados (MEDLINE@,EMBASE@, LILACS@, CANCERLIT@,BIBLIOTECA COCHRANE@), pesquisa manual em periódicos especializados, procura pelas referências dos artigos e consulta a especialistas sobre trabalhos em andamento. A metanálise foi realizada utilizando o software Review Manager 4.1. Dados dicotômicos foram analisados usando Odds Ratio de Peto (OR) e os dados contínuos foram analisados usando a diferença ponderada entre as médias (DPM). RESULTADOS: No total, 5463 referências foram analisadas, onde treze estudos foram localizados e destes, seis estudos preencheram os critérios de inclusão com um total de trezentos e trinta e dois pacientes. Cento e sessenta e um deles foram randomizados para o grupo FEC e cento e setenta e um para o grupo controle (placebo ou observação). Na metanálise, o uso de FEC reduziu o tempo de hospitalização [DPM: -3,44, IC 95% -4,76 a -2,12; p<0,00001], diminuiu o atraso na quimioterapia em 19% [OR=0,4, IC 95%: 0,18 a 0,89; p=0,03] e os episódios de infecção em 12% [OR= 0,46; IC 95% 0,26 a 0,82; p=0,009]. A metanálise para avaliar episódios de neutropenia febril mostrou uma tendência ao benefício do uso de FEC, mas não atingiu o nível de significância de 5% [OR=0,57; IC 95%: 0,31 a 1,05; p=0.07]. Um efeito significante para o grupo tratado com FEC foi detectado no tempo de duração de neutropenia [DPM= -3,44; IC 95%: -4,76 a -2,12; p<0,00001]. Dados sobre mortalidade global, efeitos colaterais e duração de antibioticoterapia endovenosa não puderam ser combinados na metanálise. CONCLUSÃO: O uso de FEC não traz beneficios significativos na redução de episódios de neutropenia febril em crianças com LLA em quimioterapia intensiva. Porém estes pacientes podem se beneficiar do uso de FEC reduzindo o tempo de hospitalização, diminuindo o atraso na quimioterapia e reduzindo episódios de infecção. Porém, os estudos eram de curta duração na maioria das vezes e não existe consenso quanto à dose ideal de FEC. Existe a necessidade de novos estudos controlados de longa duração para elucidar estas questões e determinar a segurança do FEC na LLA pediátrica.

ASSUNTO(S)

tumores em crianças meta-analises neutrofilos quimioterapia - efeitos colaterais medula ossea imunossupressão

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