Fatores associados e tendências de uso e abuso de álcool entre mulheres em Belo Horizonte

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

17/08/2012

RESUMO

As mulheres, tradicionalmente consideradas consumidoras leves do álcool, estão, nos últimos anos, alcançando padrões de consumo equivalentes aos dos homens. Devido ao elevado custo social do uso de álcool, o crescente fenômeno entre as mulheres merece grande atenção. O objetivo do presente estudo foi analisar os fatores associados ao uso habitual e abuso de álcool entre mulheres adultas no município de Belo Horizonte, bem como as tendências temporais desses dois comportamentos na população entre os anos de 2006 e 2011. Trata-se de um estudo baseado nos dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico. Considerou-se uso habitual, referência de ingestão de pelo menos uma dose de bebida alcoólica e abuso, ingestão de quatro ou mais doses em pelo menos uma ocasião nos 30 dias anteriores à entrevista. As variáveis independentes avaliadas foram: aspectos sociodemográficos, incluindo faixa etária, cor da pele, escolaridade, estado civil e inserção no mercado de trabalho; e de saúde, tabagismo, sedentarismo, consumo recomendado de frutas legumes e verduras e excesso de peso. A regressão de Poisson foi utilizada para avaliar os possíveis fatores associados ao uso e abuso de álcool no ano de 2011. As tendências temporais foram avaliadas por meio de regressão linear simples. O uso habitual de álcool foi mais prevalente entre as mulheres mais jovens, bem como as de maior escolaridade, as que não viviam em união estável e as fumantes (p<0,05), enquanto o abuso esteve associado à faixa etária mais jovem, alta escolaridade, classificação do estado de saúde como ruim e tabagismo (p<0,05). Com relação às tendências temporais, entre 2006 e 2011, observou-se decréscimo nas prevalências de uso habitual e de abuso de álcool, sendo que, a proporção de mulheres que informaram fazer uso habitual de álcool, sofreu diminuição de 19,9%, e, com relação ao abuso, houve diminuição de 12,1%. No entanto, as tendências de diminuição não são estatisticamente significativas (Uso habitual: p=0,388; e abuso de álcool: p=0,908). Embora as tendências gerais tenham apresentado esses resultados, foi observado decréscimo nas prevalências de uso habitual de álcool na faixa de escolaridade entre 9 e 11 anos (p=0,048) e entre as mulheres que apresentaram alimentação mais saudável (p=0,014). Quanto ao abuso de álcool, ocorreu aumento nas prevalências em mulheres com escolaridade acima de 12 anos (p=0,019). A proporção de mulheres que relataram dirigir após episódio de abuso de álcool variou entre 0,0% e 0,5%, sendo que em 2011, foi observada a menor proporção. Faz-se necessária a aplicação de políticas intersetoriais de prevenção do consumo abusivo de álcool entre as mulheres, principalmente entre as mais jovens, as com elevada escolaridade, as fumantes, as que apresentam bom estado de saúde e que não vivem em união estável, grupos identificados com maior probabilidade de apresentar este comportamento.

ASSUNTO(S)

enfermagem teses.

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