Fatores associados à baixa adesÃo ao tratamento da HasenÃase em pacientes de 78 municipios do Estado do Tocantins. / Factors associated with poor adherence to treatment in patients HasenÃase of 78 districts of the state of Tocantins.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

02/12/2010

RESUMO

IntroduÃÃo: A aderÃncia ao tratamento de doenÃas crÃnicas à uma questÃo complexa e envolve nÃo sà a responsabilidade das pessoas afetadas, mas tambÃm das equipes profissionais de saÃde e das redes sociais. Nos Ãltimos anos, a nÃo adesÃo à poliquimioterapia (PQT) foi reduzida significativamente no Brasil. No entanto, a questÃo ainda à um obstÃculo importante no controle da doenÃa, podendo levar a permanÃncia de fontes de infecÃÃo, cura incompleta, complicaÃÃes irreversÃveis e multiresistÃncia. MÃtodos: Realizamos um estudo de base populacional em 78 municÃpios pertencentes a uma Ãrea endÃmica (cluster 1) de hansenÃase, no norte do estado de Tocantins. Tocantins à o estado com os maiores Ãndices de taxa de detecÃÃo anual (88.54/100.000 na populaÃÃo geral e 26.48/100.000 em <15 anos em 2009). Aplicou-se questionÃrio estruturado com perguntas relativo a caracterÃsticas sÃciodemogrÃficas, clÃnicas, relacionadas ao serviÃo e comportamento. Para a anÃlise de fatores de risco definiu-se faltoso como indivÃduos que nÃo completaram as doses supervisionadas em 7 meses (PB) e em 13 meses (MB), e abandono o paciente que nÃo compareceu nos Ãltimos 12 meses à unidade de saÃde onde faz o tratamento. Resultados: Do total de 936 indivÃduos incluÃdos na anÃlise, 491 (52,5%) eram do sexo masculino. A idade variou de 5 a 99 anos (mÃdia = 42,1 anos). Duzentos e vintecinco (24,0%) eram analfabetos. No total, 497 (55,6%) foram classificados como PB, e 395 (44,1%) como MB. Foram identificados 28 (3,0%) pacientes que abandonaram PQT; 16 abandonos foram detectados pela revisÃo do sistema de informaÃÃo SINAN, e um adicional de 12 abandonos no local nos prontuÃrios dos pacientes durante o trabalho de campo. No total, 147/806 (18,2%) foram identificados como faltosos. O abandono foi significativamente associado com: baixo nÃmero de cÃmodos por domicÃlio (OR = 3,43; intervalo de confianÃa de 95%: 0,98-9,69, p = 0,03); mudanÃa de residÃncia apÃs o diagnÃstico (OR = 2,90; 0,95-5,28; p = 0,04) e baixa renda familiar (OR = 2,42; 1,02-5,63; p = 0,04). Falta Ãs doses supervisionadas mostrou associaÃÃo com: baixo nÃmero de cÃmodos por domicÃlio (OR = 1,95; 0,98-3,70; p = 0,04); dificuldade em engolir remÃdios da PQT (OR = 1,66; 1,03-2,63; p = 0,02); falta temporÃria de PQT nos centros de saÃde (OR = 1,67; 1,11-2,46; p = 0,01) e mudanÃa de residÃncia apÃs o diagnÃstico (OR = 1,58; 1,03-2,40; p = 0,03). A regressÃo logÃstica identificou que a falta temporÃria de PQT foi um fator de risco independente para os faltosos (OR ajustada = 1,56; 1,05-2,33; p = 0,03), e o tamanho da residÃncia foi fator de proteÃÃo (OR ajustada = 0,89 por cada quarto adicional; 0,80-0,99, p = 0,03). O tamanho da residÃncia tambÃm foi independentemente associada à falta no tratamento (OR ajustada = 0,67; 0,52-0,88; p = 0,003). AlÃm disso, foram identificados 334 (35,6%) participantes que disseram que tinham interrompido a PQT pelo menos uma vez. O tempo mÃdio de interrupÃÃo indicado pelos participantes foi de 15 dias, com um mÃximo de trÃs anos (variaÃÃo interquartil: 6-30 dias). A razÃo mais comum para a interrupÃÃo dada pelos pacientes foi a nÃo disponibilidade de medicamentos no respectivo centro de saÃde (211; 62,9%), seguido por esquecimento (44; 12,0%) e efeitos adversos à PQT (28; 8,3%). ConclusÃes: O estudo mostra que ainda existem desafios a serem enfrentados em relaÃÃo à adesÃo à PQT no Brasil. Como conseqÃÃncia dos esforÃos realizados pelo programa de controle de hansenÃase do Estado do Tocantins, fatores relacionados ao serviÃos desempenharam um papel menor, apesar de escassez intermitente de fornecimento de medicamentos. Uma abordagem integrada à necessÃria para melhorar ainda mais o controle, focando nos grupos populacionais mais vulnerÃveis, como as populaÃÃes carentes e migrantes. Produtores da PQT devem considerar outras formulaÃÃes orais mais facilmente aceitas pelos pacientes. Considerando as conseqÃÃncias da baixa adesÃo ao tratamento, tais como o possÃvel desenvolvimento de resistÃncia do Mycobacterium leprae contra os antibiÃticos da PQT, e persistÃncia de fontes de transmissÃo em comunidades, futuros estudos devem ser aprofundados para melhorar a aderÃncia à PQT, principalmente em regiÃes hiperendÃmicas

ASSUNTO(S)

saude publica hansenÃase falta de adesÃo aderÃncia brasil leprosy control defaulting adherence multidrug therapy tocantins brazil quimioterapia combinada

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