Famintos do Ceará: imprensa e fotografia entre o final do século XIX e o início do século XX
AUTOR(ES)
Marta Emisia Jacinto Barbosa
DATA DE PUBLICAÇÃO
2004
RESUMO
O presente trabalho discute o processo de constituição de urna iconografia dos famintos, forjada pela imprensa entre o final do século XIX e o começo do século XX. Esta iconografia articulou uma memória, recorrentemente associando sertanejos a fome, doenças,atraso, "barbárie". As primeiras fotografias de famintos da seca do Ceará foram feitas por J. A. Corrêa, em 1878, sob a direção de José do Patrocínio, jornalista do Rio de Janeiro (jornal Gazeta de Notícias) responsável pela reportagem sobre a seca no Ceará. Se antes apenas o noticiário escrito informava sobre o tema, a partir daquele momento, um novo ingrediente ocuparia algumas folhas do Rio de Janeiro e inspiraria o viajante e jornalista inglês Herbert Smith, que escreveu sobre o tema no jornal norte-americano New Herald. O trabalho foi acompanhar o processo de constituição da linguagem fotográfica em jornais e revistas enquanto estratégia que altera o ritmo da comunicação dos acontecimentos, construída nos entremeios das notícias, dos telegramas, das reportagens, e que monta permanências, recorrências de temas e tipos, conforme o impacto e composição dos acontecimentos. E acompanhar também o processo de produção e expansão da informação entre os jornais e a movimentação entre correspondentes e colaboradores. O jornal Gazeta de Notícias, a revista O Besouro e a Revista da Semana, do Rio de Janeiro, formam a base dos componentes visuais que organizam uma memória plástica para o sertão e o sertanejo. Através de seus textos, os jornais e intelectuais cearenses promoveram uma ordenação da informação sobre os acontecimentos ligados ao tema da seca, fornecendo dados, descrições, depoimentos, que colaboraram para definição daquela memória. A articulação entre as publicações do Ceará e as do Rio de Janeiro ajudou a montar diálogos e descobrir argumentos para além da seca, tais como "fome" e "famintos", como unidade básica. No interior dessa perspectiva, interessa assinalar a imprensa como prática constitutiva de memória a partir de narrativas fotográficas e escritas sobre o Ceará e sobre os seus moradores
ASSUNTO(S)
historia imprensa -- ceara, ce iconografia
ACESSO AO ARTIGO
http://www.sapientia.pucsp.br//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=6278Documentos Relacionados
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