Eu, operário da ruína: as interseções entre arte, doença e morte em Augusto dos Anjos.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

O trabalho avalia as interseções entre arte, doença e morte na obra de Augusto dos Anjos e, a partir da análise de alguns poemas integrantes do corpus, o livro Eu e Outras Poesias, articula o trinômio como reflexo de um momento histórico marcado por um sentimento de perda, um mal-estar disseminado entre os intelectuais, uma angústia diante da falência da Civilização Ocidental e dos ideais do Progresso. Contribui para essa visão, a influência de filosofias pessimistas, notadamente a doutrina de Schopenhauer. Tendo assimilado premissas do movimento decadentista, o poeta paraibano também parece preconizar a arte como instrumento de libertação, ainda que provisório, das dores do mundo. A arte procurava acomodar a percepção da existência humana como degradante, miserável e o vislumbre dos paraísos artificiais. Em Augusto dos Anjos, entretanto, apresenta-se, como saída estética, o exagero das imagens de doença e morte. O poeta, desprezando as formas de beleza consagradas, às quais sobrepôs a matéria apodrecida, produziu uma outra estética, uma poética da podridão, reflexo do olhar melancólico lançado sobre o mundo moderno, um mundo de perdas, de transformações brutais. Ele é o operário das ruínas e o seu trabalho é preservar o mundo da ação da história-destino, concebida como desgaste e catástrofe e, ao fazê-lo, salvar a si mesmo.

ASSUNTO(S)

morte illness augusto dos anjos art augusto dos anjos doença arte modernidade linguistica modernity death

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