Etnografia em contexto carcerário: explorando potencialidades e limites*

AUTOR(ES)
FONTE

Cad. Pagu

DATA DE PUBLICAÇÃO

02/12/2019

RESUMO

Resumo Este artigo compara duas pesquisas etnográficas em contexto penitenciário – uma prisão masculina em Portugal e uma prisão feminina em Espanha – a partir de duas perspectivas: 1) uma dimensão metodológica: ser uma antropóloga mulher tem influência no desenrolar da investigação empírica em prisões femininas e em prisões masculinas, condiciona o acesso ao terreno, observação do quotidiano prisional e as relações que se constroem com os interlocutores; 2) uma dimensão analítica: as relações de género são centrais para perceber as dinâmicas construídas entre a população reclusa, nos seus processos de convivência quotidiana e de estabelecimento de hierarquias, mas elas devem ser integradas nas relações de classe e género em que estão inseridas. Assim, defendemos uma perspectiva interseccional para compreender as dinâmicas relacionais entre os diferentes sujeitos na prisão – guardas, administradores, trabalhadores, presos – e entre eles e as pesquisadoras. No final, reflectimos sobre subjectividade e reflexividade em trabalho de campo que apresenta exigências particulares no modo como gerimos emoções, distância e proximidade.Abstract This article compares two ethnographic studies in a penitentiary context – a male prison in Portugal and a female prison in Spain. Two perspectives are used: 1) a methodological dimension: to be a woman anthropologist influences the conduct of the empiric investigation in female and male prisons, conditions access to the terrain, observation of daily prison life and the relations constructed with interlocutors; 2) an analytical dimension: gender relations are central to perceiving the dynamics constructed between the inmate population in their processes of daily conviviality and establishment of hierarchies, but they must be integrated in the relations of class and gender in which they are inserted. Thus, we defend an intersectional perspective to understand the relational dynamics between the different subjects in the prison – guards, administrators, workers, inmates – and between them and the researchers. In conclusion, we reflect on subjectivity and reflexivity in field work that has particular demands in how we manage emotions, distance and proximity.

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