Estudos moleculares de tecidos normais e tumores malignos de roedores tratados com samambaia (Pteridium aquilinum)

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2001

RESUMO

As propriedades tóxicas e carcinogênicas da samambaia (Pteridium aquilinum) têm sido extensivamente descritas em animais domésticos e experimentais. Alguns estudos epidemiológicos têm associado a exposição humana à samambaia e/ou suas toxinas com um aumento do risco de ocorrência de câncer de esôfago e estômago no Japão, Brasil, Costa Rica, Reino Unido e Venezuela. No entanto, estes estudos epidemiológicos não são suficientes para, inequivocadamente, estabelecer uma relação causal entre a samambaia e o surgimento destes cânceres em humanos. Assim, propusemo-nos no presente trabalho, a investigar a presença de marcadores moleculares da ação das toxinas da samambaia sobre o genoma de animais que, se encontrados, pudessem ser utilizados na avaliação do risco da exposição à samambaia para humanos. Investigamos inicialmente a formação de adutos de DNA em tecidos alvos normais de ratas tratadas via intragástrica com uma dose aguda única de extratos alcoólicos obtidos do broto de samambaia ou com diferentes preparações de broto de samambaia por médios e longos prazos. Utilizamos a metodologia de pós-marcação com 32P para identificação de adutos de DNA. Nossos resultados indicam que adutos de DNA detectáveis por pós-marcação com 32P não são formados em estômago e íleo de ratas tratadas com broto de samambaia via digestiva. Avaliamos a presença de adutos em amostras de DNA de tubos digestivos superior de camundongos tratados com dose aguda de extrato e esporos de samambaia e encontramos três adutos que já haviam sido descritos e ainda outros quatro adutos que não foram caracterizados. Nenhum destes adutos apresentou mobilidade cromatográfica similar ao único aduto obtido de DNA modificado in vitro com o ptaquilosídeo ativado (glicosídeo carcinogênico extraído da samambaia). Assim, concluímos que outras substâncias presentes na samambaia, além do ptaquilosídeo, são capazes de induzir a formação de adutos de DNA, podendo contribuir para a carcinogenicidade da samambaia em camundongos. Como parte da estratégia para identificação de marcadores moleculares da ação da samambaia sobre o genoma de ratos, e usando a carcinogênese de tumores colorretais humanos como modelo, examinamos oito tumores malignos induzidos pela samambaia em ratos para a presença de mutações nos genes associados com a via clássica para o câncer colorretal, p53 e ras e também avaliamos a via mutadora estudando microssatélites. Os exons 5 9 do gene p53 e os exons 1 e 2 dos genes K-ras e H-ras foram examinados por seqüenciamento de DNA e nenhuma mutação foi encontrada nos oito tumores malignos. A amplificação de cinco locos de microssatélites previamente validados (um com repetição de mononucleotídeo, três com repetições de dinucleotídeos e um com repetições de tetranucleotídeos) nos tumores malignos e em tecido normal adjacente não revelou qualquer instabilidade. O envolvimento de mutações em outros genes supressores de tumor ou oncogenes da via clássica bem como em genes requeridos para a segregação cromossômica e eventos epigenéticos devem ser ainda investigados na pesquisa por marcadores moleculares de tumores induzidos pela samambaia.

ASSUNTO(S)

bioquímica teses. tumores teses. tumores aspectos moleculares teses. samambaia teses.

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