Estudo toxicológico pré-clínico de Jatropha gossypiifolia L.

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

A espécie Jatropha gossypiifolia L. (Euphorbiaceae), também denominada piãoroxo, é uma planta reconhecidamente tóxica. Todavia, alguns dos vários usos dessa planta na medicina popular têm sido comprovados por estudos experimentais, dentre os quais se destaca a recente demonstração do seu efeito hipotensor. Com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento de um medicamento fitoterápico anti-hipertensivo, a partir da referida espécie, este trabalho se propôs a avaliar a toxicidade pré-clínica (aguda e crônica) do extrato etanólico (EE) de partes aéreas (folhas e caules) de Jatropha gossypiifolia L. de acordo com a norma brasileira (ANVISA-RE 90/2004). No estudo toxicológico agudo, ratos Wistar (Ratus norvegicus albinus) foram tratados (v.o.) com o produto (n = 6 por dose e sexo) em doses de até 5 g/kg de peso corpóreo. Durante 14 dias após o tratamento foram observados: sinais tóxicos gerais, letalidade, evolução ponderal, consumo de água e alimentos. Após esse período, os animais sobreviventes foram sacrificados para análise de parâmetros sangüíneos e histopatológicos. No estudo crônico os animais foram tratados com doses de 45 mg/kg, 135 mg/kg e 405 mg/kg durante 13 semanas (n = 10 por dose e sexo). Durante o tratamento, além dos parâmetros já citados, avaliou-se temperatura corporal, glicemia caudal e alterações comportamentais (Campo Aberto e Rota Rod). Ao final do tratamento, 40% dos animais de cada grupo foram sacrificados para análise dos parâmetros já citados no estudo agudo. No tratamento agudo apenas nos animais tratados com dose igual ou superior a 1,8 g/kg (v.o.) observou-se sinais de redução da atividade do SNC e distúrbios gastrintestinais. Em machos das doses de 4,0 e 5,0 g/kg (v.o.), a perda gradativa de peso e a paralisia do trem posterior foram sinais anteriores ao óbito. Somente em machos sobreviventes à dose de 5 g/kg (v.o.) o extrato reduziu o consumo de alimentos de modo significativo. Essa dose também reduziu a evolução ponderal de fêmeas sem alterar a ingestão de alimentos desses animais. Alterações laboratoriais e histopatológicas só ocorreram em machos tratados com a maior dose sugerindo hepatotoxicidade, nefrotoxicidade, além de leucopenia e agravo pulmonar. A dose letal mediana (DL50) foi estimada entre 4,0 e 5,0 g/kg para machos e foi superior a 5 g/kg em fêmeas. Esses resultados indicam uma toxicidade aguda oral relativamente baixa considerando que as alterações só ocorreram em altas doses. No estudo crônico confirmou-se a depressão do SNC e distúrbios gastrintestinais observados no agudo. A letalidade foi de 46,6% entre os machos da maior dose experimental (405 mg/kg v.o.) e de 13,3 % tanto entre fêmeas da maior dose quanto entre os animais tratados com 135 mg/kg (v.o.) do produto. O extrato reduziu a evolução ponderal de machos da dose de 405 mg/kg (v.o.). A temperatura colônica foi inicialmente elevada e posteriormente reduzida de modo não proporcional à dose e em ambos os sexos. O produto apresentou efeito hiperglicemiante reversível (ausente no grupo satélite) em alguns animais. A atividade motora foi reduzida em fêmeas da maior dose. A elevação de proteínas totais em machos da maior dose foi clinicamente discreta e reversível. Ocorreu importante hiperglicemia entre machos da menor dose. Encontrou-se anemia leve em machos tratados com 405 mg/kg (v.o.) e aumento de plaquetas em fêmeas satélites (135mg/Kg). A análise histopatológica também corrobora a hepatotoxicidade, toxicidade renal e apresenta danos pulmonares. Esses resultados demonstram a elevada toxicidade crônica do produto e nos permitem sugerir refinamento químico do extrato com posterior avaliação da manutenção do efeito hipotensor e eventual toxicidade.

ASSUNTO(S)

pião-roxo jatropha gossypiifolia l. toxicology toxicologia plantas tóxicas farmacologia toxic plants jatropha gossypiifolia l. pião-roxo

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