Estudo sobre o teste ergometrico falso positivo em homens assintomaticos : avaliação do papel do estrogeno serico sobre a resposta eletrocardiografica ao esforço

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1998

RESUMO

O TE Falso Positivo constitue-se num sério problema metodológico na prática médica. Os motivos porque o TE pode mostrar alterações eletrocardiográficas num indivíduo sem doença cardíaca isquêmica ou mesmo as vezes sem nenhuma doença cardíaca, como aqueles relacionadas com o uso de drogas, com os distúrbios metabólicos-eletrolíticos ,distúrbios respiratórios como os decorrentes de hipóxia ou hiperpnéia , miocardiopatia , valvopatia , Wolff-Parkinson-White , alteração da repolarização atrial e outros, não estão bem esclarecidos ou valorizados. Assim, as alterações eletrocardiográficas relacionadas com o uso de estrógeno , com o stress ou o tipo de stress , a hipercolesterolemia, hipotireoidismo etc , aguardam uma melhor definição de importância e significado para isquemia . Desta forma, sendo o estrógeno um fator provavelmente importante na gênese dos TE Falsos-Positivos, nós nos propusemos a estudar a influência do estradiol sérico na gênese das alterações eletrocardiográficas observadas nestes testes. Para tanto, selecionamos 40 indivíduos assintomáticos e sem cardiopatia aparente, avaliados por anamnese, exame físico , pelo eletrocardiograma convencional, ecocardiograma bidimensional com Dopller , teste ergométrico máximo e dosagem de estradiol nos Períodos Pré Esforço ,Esforço máximo e Pós esforço. Os indivíduos com TE mostrando alterações eletrocardiográficas significantes da repolarização ventricular no segmento ST - T , constituiram o Grupo Positivo (Grupo P) , tendo 5/35 voluntários; enquanto que os indivíduos com testes ergométricos Eficazes e sem alterações eletrocardiográficas , constituiram o Grupo Negativo (Grupo N) , com 30/35 indivíduos, sendo excluidos 5 voluntários devido o TE ter sido Ineficaz. Admitimos como TE Sugestivo de Isquemia os TE com inftadesnivelamento do Segmento ST horizontal ou descendente de pelo menos 1 mm em relação ao intervalo Pr , duração de 0.08 segundos após o Ponto J , além de inftadesnivelamento ascendente do Segmento ST de 2mm , medido 0,08 segundo após o Ponto J . Como TE Eneficazes, os TE onde não se atingiu 85% da frequência cardíaca máxima teórica para a idade. Dos TE Eficazes, 7 indivíduos fizeram TE em bicicleta ergométrica e 28 em esteira rolante. Foram observadas e analisadas as seguintes variáveis: Idade, Cor, Peso, Altura, Período do Teste,. Tipo de Ergômetro , Carga Máxima, Duração, Percentagem da Frequência Cardíaca Máxima, V02 máximo, Diagnóstico do Teste, Segmento ST , Ponto Y , Onda R, Q e T , Delta PAS , Delta PAO e Delta FC , Duplo Produto, P AS , P AO e FC ao Esforço Máximo, P AS Deitado, Sentado ou em Ré , durante cada estágio de esforço e aos 1 , 2 , 4 e 6 minutos da recuperação, Fração de Ejeção ao Ecocardiograma , Estradiol Pré Esforço, Estradiol ao Esforço Máximo e Estradiol Pós Esforço, Colesterol , Triglicérides , Glicemia e Ácido Úrico , Tabagismo e Quantidade de Cigarros/dia. Em relação aos desniveis do ST, atentamos não apenas para o tipo e intensidade de inftadesnivelamento, mas também para o momento em que este ocorreu e a derivação envolvida. Observamos que no Grupo N , todos os indivíduos tiveram ST do tipo ascendente, enquanto que no Grupo P , em 2 casos o ST foi do tipo ascendente, descendente em 1 caso e horizontal nos outros 2 casos, sendo que a alteração do ST - T ocorreu exclusivamente ao esforço ~m 2 casos, durante o esforço e recuperação em 1 caso e exclusivamente na recuperação nos outros 2 casos. Quanto à derivação eletrocardiográfica envolvida, vímos que em 3 casos houve alteração no CM5 e D2 , apenas no CM5 ou no D2 em 1 caso cada. Já quanto a intensidade de inti-adesnivelamento do ST , esta variou de -1 a -4 mm . Todos os indivíduos do Grupo P , foram submetidos à Cintilografia do Miocárdio com Tc-99 , reproduzindo as alterações eletrocardiográficas do ST - T observadas no primeiro teste enquanto que a perfusão miocárdica foi normal em todos os casos. Em relação ao Estradiol sérico , vimos que este mostrou o comportamento caracteristico de aumento ao esforço com diminuição no pós esforço, mostrando diferença significante para ambos os grupos entre o Estradiol 1 x Estradiol 2 , Estradiol 2 x Estradiol 3 e entre Estradiol 1 x Estradiol 3 . Entretanto, quando comparamos ambos os grupos não observamos diferença significante para o Estradiol Pré, Esforço Máximo ou Pós Esforço analisados em relação ao diagnóstico do TE ou o tipo de ergômetro. Assim, para o TE numa população de assintomáticos como a nossa, concluímos que: 1 - Não há relação causal entre as alterações eletrocardiográficas do Segmento ST - T e o Estradiol sérico. 2 - Não houve correlação entre a resposta eletrocardiográfica do segmento ST e a perfusão miocárdica à cintilografia do miocárdio com Tc-99 (SEST AMIBI). 3 - O mecanismo eletrofisiológico capaz de explicar as alterações eletrocardiográficas observadas sobre o segmento ST - T ao esforço e recuperação nestes indivíduos permanece incerto e não bem explicado. 4 - O diagnóstico de Isquemia Miocárdica no TE de assintomáticos, não deve se basear apenas na valorização da resposta eletrocardiográfica , dado que esta pode mostrar alteração sem relação com a presença de isquemia

ASSUNTO(S)

estradiol eletrocardiografia teste de esforço

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