Estudo sobre o impacto da internação em crianças admitidas em unidade de terapia intensiva pediátrica

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Introdução: A avaliação de resultados do tratamento de pacientes criticamente doentes é ainda predominantemente baseada mais em taxas de mortalidade do que em instrumentos associados com morbidade. Assim, a avaliação por meio do comprometimento funcional, interação social e função cognitiva desses pacientes após internação em UTI é parte de uma iniciativa crescente para se suplementar as informações de mortalidade com resultados funcionais, tendo o potencial de prover uma visão mais ampla do desempenho da unidade. Objetivos: Avaliar o impacto da internação sobre os desempenhos cognitivo e global em crianças admitidas na UTI Pediátrica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Métodos: Estudo longitudinal e observacional de amostra de conveniência de crianças gravemente doentes. Foram utilizados os indicadores PIM (Pediatric Index of Mortality), para gravidade e risco de morte na admissão, PCPC (Pediatric Cerebral Performance Category), para morbidade cognitiva, e POPC (Pediatric Overall Performance Category), para morbidade global, na admissão e na alta, e a diferença entre as classificações de alta e de admissão (escores delta), para morbidade relacionada à UTI. Foram empregados os testes de Kruskal-Wallis para comparação de indicadores e de correlação de Spearman para associação com variáveis categóricas, considerando um α=0,05. Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição e solicitada concordância dos pais para participação no estudo. Resultados: Foram avaliados 443 pacientes, sendo 54% do sexo masculino, com mediana de idade de 12 meses (Intervalo Inter-quartil [IQ] 4–45) e mediana de permanência na UTI de 4,24 dias (IQ 2,4–8). A taxa de mortalidade foi de 6,3%, a mediana do PIM da admissão foi de 2,36% (IQ 1–7), e 43% dos pacientes foram admitidos por doença respiratória. Na admissão, 46% dos pacientes tinham algum grau de morbidade cognitiva (PCPC >1) e 66% de morbidade global (POPC >1). Na alta, 60% de morbidade cognitiva e 86% de morbidade global. Na avaliação de morbidade relacionada à UTI, 25% dos pacientes mostraram variação na área cognitiva (delta-PCPC≠0), enquanto que 41% mostraram variação global (delta-POPC≠0) na alta em comparação à admissão. Houve uma correlação positiva do tempo de internação na UTI e do PIM com os escores delta, tanto para o domínio cognitivo (rs=0,18 & rs=0,32; p<0,0001) quanto global (rs=0,21 & rs=0,33; p<0,0001). Conclusões: Ainda que influenciado por elevado grau de morbidade na admissão, o impacto da internação na UTI é mais importante no domínio global do que no cognitivo. Da mesma forma, tanto o risco de morte na admissão quanto o tempo de permanência têm efeito significativo na morbidade de pacientes gravemente doentes. Palavras-chave: desfecho, cuidados intensivos, Categoria de Performance Cerebral Pediátrica, Categoria de Performance Global Pediátrica, morbidade.

ASSUNTO(S)

criança unidades de terapia intensiva

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