Estudo sobre linguagem oral e escrita em adolescentes infratores institucionalizados

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

Introdução: A delinqüência juvenil, associada à complexas consequências sociais, tem merecido estudos e investigações, que se estendem pelos diversos domínios das ciências sociais e humanas. As dificuldades de ajustamento escolar, de aprendizagem, podem estar também relacionados à transtornos de linguagem, o que levaria à limitações cognitivas e lingüísticas, contribuindo no desajustamento social e no comportamento do jovem infrator. Objetivo: Mapear e caracterizar a ocorrência de distúrbios de comunicação oral e/ou escrita em um grupo de jovens infratores institucionalizados, verificando possíveis impactos das dificuldades de linguagem e de comunicação na vida social desses sujeitos. Método: Este projeto configura um estudo exploratório e descritivo, que estima a ocorrência e caracteriza dificuldades comunicativas (orais e escritas) em um grupo de jovens infratores institucionalizados. Foram sujeitos da pesquisa 40 internos da Fundação Casa, unidade UI 25 Rio Negro, do complexo da cidade de Franco da Rocha - SP. Os jovens tinham entre 15 e 18 anos. Para a coleta de dados, foram aplicados o Teste do Mini-Exame do estado mental MMSE, que tem como objetivo detectar os indivíduos que possam apresentar déficit cognitivo; o Teste Montreal, que analisou em cada indivíduo as habilidades simples de linguagem oral e escrita; e uma entrevista semi-estruturada, cujo roteiro versou sobre Saúde Geral, Trajetória Escolar, Trajetória Profissional e percepções sobre o comportamento infracional. Resultados: Nos resultados obtidos verificou-se que a maior parte da população era alfabetizada e que não houve ocorrência de déficits cognitivos. Houve índice alto de abandono escolar relatado, oriundo das dificuldades em acompanhar os conteúdos escolares e em se adaptar às regras e dinâmica escolar. Percentual significativo de sujeitos referiu uso de drogas. Conclusão: Este estudo leva a refletir sobre problemas que os jovens infratores apresentam em termos de integração social, condições para se desenvolver e se engajar a valores e normas sócio-culturais, como também escolares, dando indício, entre outros fatores, do impacto social que a precária escolarização dos jovens pode ajudar a acarretar. O estudo demonstra que a linguagem deve ser pensada como prática social. A auto-estima reduzida, as dificuldades para se relacionar com outras pessoas; para se adaptar e ter bom rendimento escolar ou para conseguir ocupação profissional estável, expõem esses adolescentes a constrangimentos, que acabam por produzir impotência e revolta em uma fase delicada do desenvolvimento que é a adolescência, o que gera dificuldades de adaptação social, podendo afetar a linguagem e, sobretudo, as formas de expressão e de comunicação desses sujeitos

ASSUNTO(S)

estudos de linguagem delinqüência juvenil adolescente institucionalizado institucionalização language studies juvenile delinquency teen institutionalized institutionalization fonoaudiologia

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