Estudo prospectivo das complicações da Doença de Kawasaki: análise de 115 casos
AUTOR(ES)
Alves, Natália Ribeiro de M., Magalhães, Cristina Medeiros R. de, Almeida, Roseane de Fátima R., Santos, Regina Cândido R. dos, Gandolfi, Lenora, Pratesi, Riccardo
FONTE
Revista da Associação Médica Brasileira
DATA DE PUBLICAÇÃO
2011-06
RESUMO
OBJETIVO: Chamar a atenção para as complicações, que podem surgir em qualquer fase da Doença de Kawasaki (DK), para os fatores de risco que contribuem para o aparecimento dessas complicações e para as possíveis sequelas da doença, sejam elas transitórias ou permanentes. MÉTODOS: Estudo prospectivo (coorte clínica) realizado entre abril de 2002 e abril de 2009 de 115 pacientes com DK internados no serviço de Reumatologia Pediátrica do Hospital Geral do Distrito Federal. Todos os pacientes foram sequencialmente avaliados com exames clínicos e laboratoriais, ecocardiogramas com Doppler, imitanciometria, potenciais evocados auditivos, avaliação psicológica, exame oftalmológico e, em um paciente com coreia, angiorressonância magnética cerebral. Em todos os pacientes foram aplicados questionários avaliando a possível presença de dificuldades cognitivas, emocionais, comportamentais e sociais. RESULTADOS: Vinte e cinco pacientes (21,7%) apresentaram aneurismas de coronárias. Trinta e oito pacientes (33%) apresentaram perda auditiva neurossensorial durante a doença aguda e subaguda, e 13 pacientes (11,3%) mantiveram a perda auditiva seis meses após a primeira avaliação. Outras complicações observadas foram: paralisia facial em um paciente (0,9%), ataxia na fase aguda e subaguda em 11 pacientes (9,5%), complicações oftalmológicas em 15 pacientes (13,2%), constatando-se uveíte em 13, edema de papila em um paciente e hemorragia conjuntival em outro. Um paciente apresentou coreia (0,9%) sendo que a angioressonância magnética evidenciou alterações compatíveis com isquemia cerebral. Em um paciente constatou-se a presença de aneurisma de aorta torácica (0,9%), e outro apresentou vasculite necrosante que evoluiu com gangrena periférica e perda da ponta da língua (0,9%). Alterações de comportamento durante a convalescença (20%) foi observada em 23 crianças. CONCLUSÃO: A DK pode evoluir com complicações diversas, mesmo meses após a fase aguda da doença, eventualmente resultando em sequelas permanentes. Quanto mais precoce forem o diagnóstico e a intervenção terapêutica com a administração de IgG IV, menor será a ocorrência de complicações. Presença de trombocitose, anemia e de atividade inflamatória elevada e por tempo prolongado são fatores de risco para o aparecimento de complicações.
ASSUNTO(S)
síndrome do linfonodo mucocutâneo aneurisma coronário aneurisma aórtico perda auditiva neurossensorial evolução clínica
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