Estudo microbiológico do core e superfície das amígdalas palatinas em crianças portadoras de faringoamigdalites de repetição e hipertrofia adenoamigdaliana

AUTOR(ES)
FONTE

Revista Brasileira de Otorrinolaringologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

2003-03

RESUMO

OBJETIVO: As faringoamigdalites bacterianas, assim como a hipertrofia das amígdalas palatinas, são extremamente freqüentes na população infantil. Este estudo visa a pesquisa e identificação da flora bacteriana que coloniza as amígdalas palatinas nas crianças portadoras destas afecções. FORMA DE ESTUDO: Clínico prospectivo. CASUÍSTICA E MÉTODO: Neste estudo, os autores avaliam 90 pacientes de ambos os sexos, com idades entre 2 e 6 anos (Pré-escolares) e 6 e 12 anos (Escolares) com indicação de adenoamigdalectomia; 27 com histórico de faringoamigdalites de repetição (AR), e 63 portadores de hipertrofia adenoamigdaliana obstrutiva (AO), assistidos na Disciplina de Otorrinolaringologia Pediátrica da Universidade Federal de S Paulo, no período de abril de 1999 a 2002. Foram colhidos swabs da superfície das amígdalas palatinas no momento da cirurgia, e após sua remoção cirúrgica, realizados esfregaços do core amigdaliano. O material obtido foi analisado em relação ao crescimento bacteriano. RESULTADOS: De uma forma geral, independentemente da faixa etária e do grupo, as bactérias consideradas patogênicas mais prevalentes foram o Haemophilus sp, 50,5% no grupo AO e 59,2% no grupo AR; Staphilococcus aureus (S. aureus), 50,7% no grupo AO e 33,3% no grupo AR; Streptococcus pyogenes (S.pyogenes), 9,5% no grupo AO e 7,4% no grupo AR; Streptococcus pneumoniae (S. pneumoniae), 4,7% no grupo AO e 0% no grupo AR; e Moraxella sp, 6,3% no grupo AO e 11,1% no grupo AR, não ocorrendo diferença significativa entre a superfície e o core. Tanto nos pré-escolares como nos escolares, o S. aureus foi mais freqüente nas crianças com hipertrofia (AO) em relação às que apresentavam infecções de repetição (AR). Nos escolares, o S. pyogenes foi mais prevalente no grupo AR, e embora presente em pré-escolares do grupo AO, não foi isolado nas crianças com infecção de repetição. O S. pneumoniae só foi isolado em crianças com hipertrofia adenoamigdaliana. CONCLUSÃO: Os resultados do nosso estudo sugerem que a flora bacteriana que coloniza a superfície amigdaliana é semelhante à do core amigdaliano; que a prevalência de S. pyogenes colonizante na orofaringe de crianças é alta, em torno de 10%, e que o S. aureus é mais prevalente em crianças portadoras de hipertrofia adenoamigdaliana.

ASSUNTO(S)

microbiota faringoamigdalite hipertrofia amigdaliana

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