Estudo fitossociologico de um remanescente de mata de brejo em Campinas, SP
AUTOR(ES)
Maria Teresa Zugliani Toniato
DATA DE PUBLICAÇÃO
1996
RESUMO
Foi realizado um levantamento florístico e fitossociológico de dois remanescentes de mata de brejo em Campinas, SP. A maior concentração das plantas sobre "montículos" e a presença de água superficial em caráter permanente, nas porções mais baixas do microrelevo, são características fisionômicas marcantes nas áreas de estudo. Em cada fragmento foram instaladas 10 parcelas contíguas de 100m2 (10m x 10m), tendo sido marcados, coletados e identificados todos os indivíduos com perímetro mínimo de 10 cm a 1,30m. Os dados dos dois fragmentos foram agrupados e analisados em conjunto quanto aos parâmetros fitossociológicos. Ao todo foram encontrados 955 indivíduos de 55 espécies arbóreas, pertencentes a 44 gêneros e 29 famílias. O índice de diversidade de Shannon das espécies desta mata de brejo (H = 2,803) foi menor que de outras matas do interior paulista. As espécies de maior IVI, em ordem decrescente, foram: Calophyllum brasiliense (Clusiaceae), Protium almecega (Burseraceae), Styrax pohlii (Styracaceae), Syagrus romanzoffiana (Arecaceae), Talauma ovata (Magnoliaceae), Geonoma brevispatha (Arecaceae), Trichilia pallida (Meliaceae), Inga luschnathiana (Mimosaceae), Guarea macrophy/la (Meliaceae) e Tapirira guianensis (Anacardiaceae). Juntas, somaram 68,8% do IVI e 78,87% do IVC. As famílias mais ricas em espécies foram: Myrtaceae (9 especies), Lauraceae (6), Meliaceae (5), Euphorbiaceae (5), Fabaceae (3). Com duas espécies ocorreram Anacardiaceae, Moraceae e Mimosaceae. As demais famílias estiveram representadas por apenas uma espécie. Burseraceae e Clusiaceae reuniram 42,9% do total de indivíduos. O diâmetro médio foi 7,55 cm e a altura do dossel varia de 7 a 9 m, constituindo o único estrato bem definido. As árvores maiores atingem cerca de 12m. As variações no nível do lençol freático foram acompanhadas semanalmente, durante 13 meses, em dois pontos de um dos fragmentos. As diferenças mensais observadas não foram significativas, demonstrando que durante este período, seu nível esteve constante e visivelmente na superfície do solo. A saturação hídrica permanente do solo pode explicar a baixa diversidade desta mata, já que poucas espécies podem sobreviver nestas condições. As espécies que predominam na mata estudada são representadas por poucos indivíduos em matas mesófilas semidecíduas e matas chiares do Estado de São Paulo. Os fragmentos de mata de brejo estudados são envolvidos por plantação de cana-de-açúcar e próximos a áreas em urbanização. A despeito das diversas perturbações antrópicas, esta vegetação mantém a fisionomia, a composição florística e a estrutura que são típicas destas matas.A fim de preservar a flora nativa da região de Campinas, sugerimos a preservação destes fragmentos florestais na forma de Unidade de Conservação, e sua incorporação ao patrimônio da Reserva Municipal de Santa Genebra
ASSUNTO(S)
comunidades vegetais - campinas (sp) levantamentos florestais - campinas (sp) ecologia vegetal
ACESSO AO ARTIGO
http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000101440Documentos Relacionados
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