Estudo dos efeitos do Mycobacterium leprae, seus componentes lipídicos e do TGF-b1 nas alterações da matriz extracelular neural / Study of the effects of Mycobacterium leprae, and their lipid components of the TGF-b1 changes in extracellular matrix neural

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

A fibrose neural é uma das causas de deformidades durante o curso crônico da hanseníase, a qual ainda é um grande problema de saúde pública mundial. A degeneração neural progride mesmo depois da cura do paciente e as células de Schwann (CS) estão envolvidas na degeneração e regeneração neural. A produção de citocinas pela CS parece estar relacionada ao processo de degeneração e regeneração do nervo. Em trabalho recente, nosso grupo mostrou, utilizando linhagem de Schwannoma humano (ST88-14), a expressão constitutiva de TGF-b1, bem como de seu receptor, cujos níveis aumentaram após estímulo com Mycobacterium leprae (ML). Visto que a neutralização de TGF-b1 reduz a fibrose e esta citocina induz a transdiferenciação da CS em miofibroblasto, e aumenta a produção de matriz extracelular (MEC), resultando no processo de degeneração neural, o objetivo deste estudo foi investigar os efeitos do ML, PGL-I (componente lipídico da parede celular do ML) e do TGF- b1 nas alterações da MEC neural. Culturas de células ST88-14 foram estimuladas ou não com ML e PGL-I (componentes lipídico da parede celular do ML) para avaliar a expressão de TGF-b1, do seu mRNA e de seu receptor TGFRII. Determinamos os níveis desta citocina no sobrenadante das culturas. Além disso, estimulamos as CS com TGF-b1 recombinante humano, ML e PGL-I para avaliar a secreção/deposição e organização estrutural da MEC, e indução da transdiferenciação destas células em miofibroblastos (a-actina de músculo liso; SMA). A expressão de TGF-b1 e SMA foi avaliada em biópsias de nervo de pacientes sem alterações patológicas ou com graus variáveis de fibrose e inflamação. Nossos resultados mostraram que o estímulo com ML ou PGL-I induziu rápido aumento da expressão de RNAm para TGF-1, seguida de diminuição que se manteve por até 6 horas. Verificamos que a secreção desta citocina tendeu a acompanhar a expressão de RNAm. Entretanto, após 6 horas de estímulo, a secreção de TGF-b1 tendeu a voltar aos níveis basais e aumentou após 7 dias de estímulo. A expressão intracelular do TGF-b1 aumentou nas células estimuladas com ML após 24 horas, e diminuiu com o estimulo do PGL-I. O ML e o PGL-I também aumentaram a expressão de TGFRII. Após 7 dias de estímulo com TGF-b1 observamos o aumento da expressão de colágeno IV, laminina, fibronectina e tenascina, e, em alguns casos, a modulação da forma estrutural dessas proteínas. Além disso, o TGF-b1 também induziu a transdiferenciação das CS em miofibroblastos. Em biópsias de pacientes com hanseníase, a expressão de TGF-b1 parece passar do axônio para as CS. Pela primeira vez, mostramos a expressão de SMA nos vasos sangüíneos, perineuro e em algumas células endoneurais nas biópsias de nervo com presença de fibrose. Os resultados sugerem um envolvimento do TGF- b1 na modulação de resposta celular ao ML e ao PGL-I e na transdiferenciação da CS em miofibroblasto, o qual poderia contribuir para a fibrose e, consequentemente, a degeneração neural.

ASSUNTO(S)

mycobacterium leprae leprosy biologia molecular transforming growth factor beta1/analysis hanseníase saúde pública public health fibrosis/complications fibrose/complicações mycobacterium leprae fator transformador de crescimento beta1/análise

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