Estudo de bacteriemia relacionada à ligadura elástica versus injeção de cianocrilato para varizes esofágicas em pacientes com doença hepática avançada

AUTOR(ES)
FONTE

Arquivos de Gastroenterologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

2011-12

RESUMO

CONTEXTO: A ligadura elástica é considerada o melhor tratamento endoscópico para o sangramento agudo por varizes esofágicas ou para profilaxia do sangramento varicoso, sendo a escleroterapia com N-2-butil-cianoacrilato uma alternativa para os pacientes com doença hepática avançada e distúrbio de coagulação. Bacteriemia é uma complicação rara associada à ligadura elástica, por outro lado, a incidência de bacteriemia relacionada com o uso de N-2-butil-cianoacrilato permanece desconhecida. OBJETIVOS: Avaliar e comparar a incidência de bacteriemia transitória entre os pacientes cirróticos submetidos a endoscopia digestiva alta diagnóstica, escleroterapia com N-2-butil-cianoacrilato ou ligadura elástica para tratamento das varizes esofágicas. MÉTODOS: Estudo prospectivo realizado entre 2004 e 2007 foi conduzido no Hospital da Universidade Federal de São Paulo, UNIFESP, Brasil. Cirróticos com doença hepática avançada (Child B ou C) foram incluídos. Os pacientes foram divididos em dois grupos de acordo com o tratamento: grupo ligadura elástica (pacientes submetidos a ligadura elástica, n = 20) e grupo N-2-butil-cianoacrilato (pacientes submetidos a injeção de N-2-butil-cianoacrilato, n = 18). Cirróticos sem varizes esofágicas ou com varizes esofágicas sem indicação de tratamento endoscópico foram recrutados como controles (grupo endoscopia diagnóstica, n = 20). Bacteriemia foi avaliada por hemocultura basal e 30 minutos após o procedimento. RESULTADOS: Dos 137 procedimentos endoscópicos realizados, nenhum dos 58 pacientes apresentou febre ou qualquer sinal sugestivo de infecção. Todas as hemoculturas de base foram negativas. Nenhuma cultura positiva foi observada após o uso de N-2-butil-cianoacrilato ou no grupo controle. Três (4,6%) culturas positivas foram encontradas após as 65 sessões de ligadura elástica (P = 0,187). Duas dessas foram positivas para Staphylococcus coagulase-negativo, provavelmente relacionadas à contaminação. O microorganismo isolado no terceiro caso foi Klebsiella oxytoca. Nesse caso, o paciente apresentava a própria doença hepática como única situação relacionada à imunodeficiência. CONCLUSÕES: Não houve diferença significante na incidência de bacteriemia entre os três grupos de pacientes. Ligadura elástica ou injeção de N-2-butil-cianoacrilato para profilaxia do sangramento varicoso podem ser considerados procedimentos de baixo risco quanto ao surgimento de bacteriemia, mesmo em pacientes com doença hepática avançada.

ASSUNTO(S)

bacteriemia ligadura escleroterapia cianoacrilatos varizes esofágicas e gástricas hepatopatias

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