ESTUDO DAS PRESCRIÇÕES DE ANTIMICROBIANOS PARA PACIENTES IDOSOS HOSPITALIZADOS SOB A PERSPECTIVA DO USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu que: O uso racional de medicamentos (URM) ocorre quando o paciente recebe fármacos apropriados para as suas necessidades clínicas, em doses que satisfaçam suas necessidades individuais, por um período de tempo adequado e ao menor custo para ele e sua comunidade. Uma das principais preocupações mundiais nesse contexto é o uso inadequado de antimicrobianos, que gera aumento da resistência microbiana e elevação nos custos do sistema de saúde. Este estudo observacional transversal investigou as prescrições de antimicrobianos em três Hospitais Sentinela a partir de 210 prontuários de pacientes idosos (com 60 anos ou mais) hospitalizados e submetidos à antibioticoterapia. Verificou-se o predomínio de infecções respiratórias (67 prontuários) no período de maio de 2007 a março de 2008. Esses 67 prontuários foram selecionados para o estudo. Foram identificadas as tendências de prescrição de antimicrobianos nos hospitais, a freqüência de prescrição desses fármacos para infecções respiratórias, os grupos de antimicrobianos prescritos e os parâmetros para o seu uso não-racional. Houve predomínio do gênero masculino e da faixa etária de 80 anos ou mais. Os grupos dos betalactâmicos e das quinolonas foram os mais prescritos. Os medicamentos foram classificados como pertencentes ou não à Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME), sendo este um critério de uso racional. O uso empírico correspondeu a 93% das prescrições, ocorrendo coleta de amostra de material biológico em apenas 21 pacientes. Foram isolados microrganismos em 5 pacientes para os quais se realizou o Teste de Susceptibilidade a Antimicrobianos (7%). As amostras bacterianas isoladas com maior freqüência foram: Staphylococcus aureus, Enterococcus faecalis e Pseudomonas aeruginosa. Dentre os microrganismos isolados, verificou-se a presença de microrganismos reconhecidamente multirresistentes. Os diagnósticos registrados com maior freqüência foram pneumonia e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Foram estabelecidas as distribuições dos pacientes por número de princípios ativos e de especialidades farmacêuticas prescritos, via de administração, dose diária utilizada e tempo de tratamento. Houve associação de até 8 princípios ativos, porém com predomínio do regime de monoterapia (39%). A associação de 2 princípios ativos ocorreu em 34% dos pacientes. Observou-se associações de princípios ativos com possível ação terapêutica antagônica em 28% dos prontuários. A via mais utilizada foi a intravenosa (78%). Houve diferenças entre as doses diárias prescritas e as usuais em 30% dos prontuários. Observou-se variabilidade nos tempos de tratamento instituídos, sugerindo a ausência de padrões ou não seguimento dos protocolos de prescrição. Verificou-se a ausência sistemática de registro de informações gerais nos prontuários. O estudo demonstrou a necessidade de intervenções que assegurem o cumprimento dos protocolos como forma de garantir o uso adequado dos antimicrobianos, o estabelecimento de estratégias e diretrizes de conduta direcionadas para determinados grupos de antimicrobianos e para pacientes geriátricos, além da integração das ações de controle de infecção hospitalar com o serviço de farmácia

ASSUNTO(S)

saude coletiva uso racional antibiotics rational use drug prescriptions antimicrobianos elderly idoso prescrição de medicamento

Documentos Relacionados