Estudo da ocorrência de polimorfismos de nucleotídeo único em genes codificadores de membros da família das citocinas IL-1 e IL-17 e suas associações com a cardiomiopatia chagásica humana

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

28/02/2012

RESUMO

A doença de Chagas é causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi e caracteriza-se por uma fase aguda, seguida de uma fase crônica. Na fase crônica, a maioria dos pacientes não apresenta sinais clínicos da doença, sendo classificados como indeterminados. Entretanto, cerca de 20-30% desenvolvem a forma sintomática da doença (cardíaca e/ou digestiva), sendo a cardiomiopatia chagásica crônica (CCC) a forma mais grave da doença de Chagas. A ampla variação no quadro clínico de pacientes chagásicos permite hipotetizar que fatores genéticos relacionados ao hospedeiro, em especial os polimorfismos genéticos, possam ser responsáveis, em parte, pelas diferenças interindividuais de resposta à infecção pelo patógeno. Nesse sentido, o presente trabalho teve como objetivo principal avaliar possíveis associações entre polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs) de genes codificadores das interleucinas IL-1, IL-1, IL-1ra, IL-17A e IL-17F e a suscetibilidade ao desenvolvimento de CCC em pacientes brasileiros provenientes do estado de Minas Gerais. As genotipagens dos polimorfismos IL1A (-889C/T), IL1B (+3954C/T), IL1RN (+2018T/C), IL17A (-197A/G) e IL17F (+7488T/C) foram realizadas em uma amostra de 109 pacientes com CCC e 59 indeterminados, usando a técnica de PCR em tempo real Os níveis plasmáticos da citocina IL-1 foram obtidos de 20 pacientes por meio de reações de ELISA. Pacientes portadores da variante alélica T para IL-1 e IL-1 possuem duas vezes mais chance de desenvolver a forma cardíaca quando comparados com a forma indeterminada (IL-1: OR=2,01; IC=1,06-3,82; p=0,032; IL-1: OR=2,53; IC=1,18-5,42; p=0,015). O mesmo foi observado quando se comparou a frequência da variante alélica T (IL-1:OR=1,67; IC=1,01-2,77; p=0,043; IL-1:OR=2,16; IC=1,11-4,19; p=0,020). Por outro lado, a ocorrência do genótipo heterozigoto (TC) da IL-1ra (antagonista de receptor da IL-1) apresentou associação com a forma clínica indeterminada (OR=2,27; IC=1,02-5,04; p=0,042). As análises multivariadas no cluster da IL-1 demonstraram que pacientes com perfil mais pró-inflamatório (portadores das variantes T para IL-1 e IL-1) possuem ainda maior chance de desenvolver a CCC (OR=3,14; IC=1,35-7,32; p=0,008). Entretanto, não houve diferenças estatisticamente significativas nos níveis plasmáticos da IL-1 entre os grupos de pacientes indeterminado e cardíaco dilatado.Em relação aos polimorfismos nos genes que codificam para IL-17, o estudo da IL-17A revelou que os portadores do genótipo A- (GG) possuem duas vezes mais chance de desenvolver a forma cardíaca quando comparados com a indeterminada (OR=2,08; IC=1,08-4,00; p=0,027). Resultado similar foi observado em relação à frequência alélica (OR=1,71; IC=1,00-2,91; p=0,048). Em relação ao polimorfismo da IL-17F, não foi encontrada nenhuma associação com as diferentes formas da doença de Chagas na população estudada. Os resultados indicam que polimorfismos em genes da família IL-1 e da IL-17A estão associados com diferentes cursos clínicos da doença de Chagas.

ASSUNTO(S)

citologia teses.

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