Estudo citogenético clássico e molecular em quinze espécies da tribo Ancistrini (Siluriformes, Loricariidae) de três bacias hidrográficas brasileiras

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

A família Loricariidae é a segunda maior família de peixes de água doce com aproximadamente 700 espécies. Dentre os Loricariidae, a tribo Ancistrini se destaca com 217 espécies válidas na região neotropical. Os cascudos deste grupo medem cerca de 15 cm e possuem odontodes móveis que se invertem na região do opérculo. Estudos citogenéticos são verificados em apenas 10% das espécies até o presente. Neste trabalho, duas espécies do gênero Lasiancistrus e treze do gênero Ancistrus foram cariotipadas. Além da análise de citogenética clássica, também foi utilizada a técnica de hibridação in situ fluorescente (FISH) para localizar as regiões de rDNA 5S e 18S em 7 espécies do gênero Ancistrus. Os resultados evidenciaram uma variação dos números diplóides de 2n=34, 40, 42, 50, 52 e 54 cromossomos nas espécies analisadas. Nas espécies do gênero Lasiancistrus o número diplóide foi de 2n=54 cromossomos, RONs simples e pequenos blocos de heterocromatina constitutiva. Neste mesmo gênero não foram observadas diferenças cromossômicas entre machos e fêmeas, apenas citótipos distintos entre as espécies. Os resultados são discutidos com análises realizadas em outros gêneros do grupo Ancistrini. No gênero Ancistrus foi observado uma diversidade de citótipos e espécies. Na espécie Ancistrus cuiabae se observou um polimorfismo cromossômico e de rDNA 18S. O provável evento responsável por este polimorfismo foi uma inversão pericêntrica. Em duas outras espécies de Ancistrus de distintas populações foram verificados heteromorfismos cromossômicos e de heterocromatina constitutiva, sugerindo a ocorrência de cromossomos sexuais XX/XY e ZZ/ZW. As regiões organizadoras de nucléolos foram simples para todas as espécies, localizadas nas regiões terminais e intersticiais dos cromossomos. Com a técnica de FISH e sonda de rDNA 18S foi possível confirmar os dados obtidos com AgRON em sete espécies. Quanto ao rDNA 5S os resultados foram bastante diversificados, com apenas um par de cromossomos marcados, em Ancistrus sp 06, dois pares em A. sp 04, A. sp 08 e A. sp 13 e três pares nas espécies A. cuiabae, A. sp 01, A. claro e A. cf. dubius. Os cístrons de rDNA 5S e 18S foram sintênicos em quatro das sete espécies analisadas. Através da técnica de banda C foi possível verificar que os blocos de heterocromatina constitutiva são poucos e pequenos nas espécies com números diplóides 2n=50 a 54, maiores e bem evidentes nas espécies com 2n=34 a 42 cromossomos e com polimorfismos ou com prováveis cromossomos sexuais. Além do número diplóide bastante variável, a tribo Ancistrini possui sistemas de cromossomos sexuais simples e múltiplos; e, neste trabalho, evidenciando também a ocorrência de polimorfismo cromossômico, de rDNA 18S e de heterocromatina constitutiva. Realizadas pela primeira vez na tribo Ancistrini, as análises com hibridação in situ fluorescente confirmam a diversidade existente, especialmente no gênero Ancistrus, o mais derivado da tribo. Através destes resultados foi possível inferir que a estrutura cariotípica das espécies do gênero Ancistrus com números diplóides 2n=50 a 54 cromossomos parece ser mais primitiva que aquela das demais espécies encontradas na Baixada Cuiabana e de locais com sedimentação mais intensa. Novas análises, utilizando-se de técnicas moleculares poderão auxiliar na compreensão da filogenia e evolução deste diversificado grupo de Loricariidae.

ASSUNTO(S)

polimorfismo genetica variabilidade cromossômica peixes cromossomos sexuais loricariidae siluriformes

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