Estrutura e diversidade de comunidades e de populações vegetais em floresta atlântica de tabuleiros / Structure and diversity of plant communities and populations in tabuleiros atlantic forest

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

15/10/2010

RESUMO

Medir a diversidade de espécies é fundamental para pesquisas ecológicas e conservação da biodiversidade. Essa medida não pode ficar restrita apenas a contagem ou medida de riqueza de espécie, devendo ser levada em consideração que a biodiversidade consiste em vários níveis de organização biológica que incluem os ecossistemas, espécies e seus genes. Há um conhecimento muito limitado sobre a relação entre a riqueza de espécies e a variabilidade genética. Desta forma, a seguinte hipótese foi levantada: nas comunidades mais diversas em espécies e melhor conservadas (menos alteradas por distúrbios e estruturadas há mais tempo) a diversidade genética de populações vegetais é diferente do que nas comunidades menos diversas em espécies e mais alteradas por distúrbios. Os objetivos deste trabalho foram: 1) Determinar e comparar a diversidade de três áreas de amostragem em Floresta de Tabuleiro localizadas no extremo sul da Bahia e norte do Espírito Santo; 2) avaliar a diversidade genética de duas espécies vegetais cuja ocorrência é simultânea nas três fitocenoses; 3) verificar se existe relação entre o grau de conservação da biodiversidade das comunidades e a variação genética das espécies escolhidas. Para a amostragem da vegetação foi utilizado o método de parcelas contíguas. Em cada fragmento foram instaladas 50 parcelas de 10 x 10 m cada. Todos os indivíduos com CAP >10 cm foram medidos e marcados. As espécies identificadas foram agrupadas em categorias sucessionais. A descrição estrutural foi feita por meio dos parâmetros fitossociológicos e distribuição dos indivíduos em classes diamétricas. Para comparar as três áreas foram utilizados estimadores da riqueza, rarefação da curva espécie-área e índices de biodiversidade. A análise de diversidade genética foi feita com o marcador molecular ISSR. Nos levantamentos fitossociológicos, a área com o maior número de espécies foi Juerana (233), seguida por Braço do Rio (193) e Mucuri (145). Nos três fragmentos estudados foram relacionadas 27 espécies listadas como ameaçadas de extinção e nove endêmicas da região. A maioria das espécies amostradas é representante de grupos avançados de sucessão (secundárias iniciais e tardias), principalmente das etapas finais. As espécies pioneiras representam um percentual mínimo, sendo mais pronunciado em Mucuri e com menor valor em Juerana. Os indivíduos foram distribuídos em classes diamétricas que variaram de 3 a 173 cm. Na Floresta de Mucuri a maior classe foi 88-93 cm, em Braço do Rio de 98-103 cm e Juerana foi a única área que obteve indivíduos distribuídos até a classe de 168-173 cm. Pelos valores de intercepto e inclinação da curva espécie-área não existe diferença estatística significativa entre os três locais em relação à diversidade alfa. A diversidade beta é diferente para Juerana e Braço do Rio, enquanto para Mucuri essa diversidade é igual às duas outras áreas. De acordo com o índice de Shannon, Braço do Rio e Juerana não apresentam diferença significativa de diversidade, somente Mucuri difere das duas áreas. Pelo índice de diversidade de Simpson as três áreas são totalmente diferentes entre si. A análise de variância molecular (AMOVA) indicou que a maior porcentagem de variação genética ocorreu dentro das populações, tanto para a espécie Astrocaryum aculeatissimum quanto para Carpotroche brasiliensis. Para Astrocaryum aculeatissimum foi revelado um agrupamento consistente entre os indivíduos de Braço do Rio, formando um grupo isolado. Os indivíduos de Juerana e Mucuri compartilham uma maior similaridade genética. Em Carpotroche brasiliensis foi evidenciada também maior proximidade genética entre os indivíduos coletados em Braço do Rio, entretanto, esses indivíduos compartilham certa similaridade com os outros provenientes de Juerana e Mucuri, não se estabelecendo como grupo único. Com estes resultados pode-se concluir que Juerana é o fragmento de maior diversidade, se destacou como uma floresta madura. Braço do Rio encontra-se em processo avançado de sucessão e Mucuri foi o fragmento com a menor de diversidade e menos avançado sucessionalmente. Os resultados obtidos para a diversidade genética rejeitaram a hipótese levantada, pois não foi verificada relação com diversidade da comunidade e diversidade genética das populações. Fragmentos que se encontram em diferentes estágios de sucessão têm o mesmo potencial para conservação genética de suas espécies do que áreas de floresta madura.

ASSUNTO(S)

botanica fitossociologia florística diversidade genética phytosociological floristic genetic diversity

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