Estrutura de comunidades e biogeografia de lagartos em matas de galeria do cerrado

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

O presente trabalho estudou a estruturação de comunidades de lagartos de duas matas-degaleria pertencentes a uma mesma micro-bacia no Brasil Central. Especificamente, se avaliou (a) a existência de diferenças nos parâmetros das comunidades (riqueza e equidade) entre matas muito próximas, (b) a existência de estruturação das comunidades relacionadas a parâmetros climáticos e de estrutura do hábitat, analisando quais variáveis são as mais importantes nessa estruturação, (c) a importância das matas-de-galeria em aumentar a riqueza local de espécies no Cerrado e (d) se as hipóteses que afirmam que as matas-de-galeria funcionam como refúgios mésicos para espécies de áreas abertas se aplicam para lagartos. O estudo ocorreu na APA Gama - Cabeça de Veado, Distrito Federal. Armadilhas de interceptação e queda foram instaladas em cada uma das mata-de-galeria, permanecendo abertas durante 14 meses e sendo revisadas duas vezes por semana. Lagartos capturados foram identificados e marcados de forma individual. Mensalmente, foram registrados valores de 10 variáveis de estrutura hábitat em cada armadilha. Obtiveram-se ainda dados climatológicos mensais da estação meteorológica da Reserva do IBGE. Curvas de acumulação de espécies indicaram a possibilidade de espécies não coletadas, devido à influência de espécies de áreas abertas (cerrados) que se adentram ocasionalmente nas matas de galeria. As análises de rarefação indicaram que as comunidades não diferem quanto à riqueza, mas sim quanto à equidade. Mabuya frenata, Tropidurus torquatus e Enyalius aff. bilineatus são as espécies que mais contribuem para as diferenças entre as matas. A seleção prévia de variáveis indicou que temperatura máxima, pluviosidade e circunferência da árvore mais próxima são as variáveis mais importantes na estruturação da comunidade. M. frenata, T. torquatus e T. itambere estão associados à alta temperatura máxima, baixa pluviosidade e menor circunferência da árvore mais próxima. E. aff. bilineatus está relacionado à temperatura máxima e pluviosidade altas, e secundariamente à menores circunferências da árvore mais próxima. M. dorsivittata, M. nigropunctata, Cercosaura ocellata e C. schreibersii relacionam-se com baixa pluviosidade e possíveis amostras de menor cobertura de dossel e chão. Ameiva ameiva, e Anolis meridionalis se relacionaram à amostras com alta pluviosidade. A partição dos conjuntos de variáveis demonstrou a estruturação da comunidade das matas-de-galeria é explicada mais por variações puramente ambientais, que por variáveis espaciais e temporais. O presente trabalho corrobora a hipótese de que as matasde- galeria são importantes formações que contribuem para a riqueza local de lagartos do Cerrado. Esse trabalho também corrobora a existência de uma separação no uso do espaço por parte dos lagartos do Cerrado. Dessa forma, hipóteses propostas para mamíferos e aves na qual que afirmam que as matas-de-galeria se comportam como refúgios mésicos para áreas abertas não se aplicam para lagartos.

ASSUNTO(S)

taxocenose ecologia amazônia ecologia comunidades cerrado mata atlântica squamata

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